A oposição que não foi.

O custo político da oposição não ter realizado o seu papel, especialmente no segundo governo Lula, é evidente. No primeiro governo, o desempenho foi pífio. Mesmo na crise do mensalão (2005), no auge, após o célebre depoimento de Duda Mendonça (que reconheceu ter recebido, numa conta nos EUA, o pagamento por parte da camapnha presidencial de Lula, em 2002), a oposição não desempenhou seu papel. A avaliação de conjuntura foi um desastre, como vimos em outubro de 2006.

No segundo governo inexistiu oposição parlamentar. Foi o momento de glória de Lula. A cada pesquisa, a oposição achava que deveria "se fechar em copas" pois o presidente estava popular. Na pesquisa seguinte considerava equivocado critícá-lo pois a popularidade tinha crescido. E assim foi indo, de mês em mês, de pesquisa em pesquisa (era o oposto do lema leninista: um passo à frente, dois passos atrás). Se melhorava a avaliação do governo, em parte era devido aos êxitos econômicos (poucos, é verdade), e de outra parte devido a ausência de oposição, que abandonou o jogo logo no início do segundo tempo (usando uma metáfora tão ao gosto de Lula).

Quando chega a eleição não dá para subitamente ser oposição. O capital político adquirido, sem contestação, em 4 anos, não vai se esvair em alguns meses. Porém, como vencer o governo? Este é o grande desafio da oposição, especialmente de José Serra. É compreensível entender que nestes momentos, ainda com a campanha bem morna, não tenha partido para o enfrentamento direto, mas tenha procurado "jabear", bailando no ringue. Vez ou outra teve um clinch e só. Mas isto pode ter um custo se a estratégia não mudar no decorrer do combate. A "fase de estudos" do adversário tem hora para terminar. O desafio é saber a hora e como partir para o ataque aberto.