Não é chavismo
Sabia que o posto "Aliança ou saque do estado?" daria discussão. Boa discussão. Os comentários de Ed e Cristiano tocam em questões importantes. Queria deixar claro que:
1. buscar a aliança programática é possível. É o único meio de romper com o fisiologismo que está nas entranhas da política e do Estado brasileiro.
2. apresentar o programa de governo para os cidadãos (discordo daqueles que distinguem programa eleitoral de programa de governo) não é chavismo, democracia direta, bonapartismo, nada disso. É democracia. É respeitar o voto dado pelo eleitor.
3. não é possível que a vontade popular seja sequestrada pelo Parlamento, como vêm ocorrendo e faz tempo. O partido derrotado passa a fazer parte do governo. No Brasil isto é chamado de coalização. Em país sério é transação.
4. Temer, sempre ele, já anunciou que mesmo perdendo o PMDB estará no governo. Neste caso, o problema não é o Temer mas quem aceita seu apoio (que não é apoio, como sabemos, é uma relação pouco republicana - Ciro Gomes diria alguma palavra mais dura).
5. Romper com o fisiologismo não é romantismo ou golpe. Os fisiológicos temem a luz do sol, a transparência. Imaginem um presidente chamando o PMDB (e outros partidos) para negociar abertamente o apoio ao seu governo? Será que a turma lá do Rio, os Barbalhos do Pará, os Sarneys do Maranhão e Amapá e tantos outros, terão coragem de exigir ministérios, secretarias, empresas estatais (as diretorias de "furar poço", como disse Severino Cavalcanti)?
6. há uma espécie de conluio entre "analistas", setores da imprensa política, políticos, empresários, que repetem á exaustão a cantilena de que sem os fisiológicos nenhum governo se sustenta (os exemplos históricos - Jânio e Collor estão equivocados). Errado. Quem não se sustenta com um governo programático são os fisiológicos.
Voltarei ao tema.
# por Cristiano Rodrigues - 10 de maio de 2010 às 18:51
Sei que é um tema deveras polêmico, e não tiro sua razão, pois esse é hoje o centro do debate. Insisto que sem uma reforma eleitoral geral não vejo uma solução sustentável a longo prazo. Os vícios estão justamente nas raposas e não nas pessoas de bem em desvirtuar o processo. Temer para quem não sabe foi quem aprovou na Constituinte o trem da alegria da previdência dos funcionários públicos e tb a redução de 10 para 5 anos para que o mesmo se tornasse estável. Ele age sim nas sombras. E a tropa de assalto são aqueles que conhecemos bem. Se não existisse o senador suplente e nova votação se realizasse, os Wellington da vida nem existiriam por mto tempo. Quem não se lembra do saudoso Montoro ou Covas ou mesmo o Suplicy como Senador? Homens de bem existem, e sabemos que sim. O esgoto vem justamente onde não há controle e assimetria de informações é maior. Me diga um escândalo que não viesse de uma estatal? Pq defendem com unhas e dentes as estatais? Justamente é ali que as ratazanas se locupletam. Mas concordo que esse debate é o ponto chave para que de fato a política seja o campo das idéias, dos projetos nacionais e não dos pessoais.