BNDES

Os empréstimos do BNDES são estranhíssimos. Os destinos dos empréstimos são questionáveis. Capta no mercado e empresta a juros extremamente subsidiados (e com prazos longuíssimos). Uma hora a coisa estoura. O terrível é ver (mais uma vez) o silêncio da oposição. Só ontem, o Senado autorizou a captação de mais 55 bilhões de reais.

Balanço do semestre (4)

Lula começou o semestre como ex-presidente e acabou como candidatíssimo à presidência em 2014. Voltou ao centro das atenções. parte deve-se à incompetência política de Dilma. E ela teve os tais cem dias em que só foi elogiada.

Balanço do semestre (3)

Dilma não foi bem. Vai ter de mudar. Mostrou falta de pulso (a última foi ontem, quando cedeu sobre as emendas parlamentares). Não conseguiu se firmar como liderança. Se permanecer como está, vai virar uma espécie de cadáver político ambulante até 2014.

Balanço do semestre (2)

A economia meio aos trancos e barrancos. Continua meio no vácuo do ano passado. Mantega sumiu dos jornais. O Tombini (presidente do BC), idem. O Ministro do Desenvolvimento (alguém lembra o nome dele? Uma dica: é mineiro) não deu as caras. O do Planejamento poucos sequer lembram o nome. Desta forma, tudo foi caminhando meio na banguela. No segundo semestre serão necessárias mudanças. A taxa de crescimento (a previsão) já caiu para 3,9%. Pode cair mais. O câmbio continua sendo um grave problema, assim como o juro. Problemas de uma década, forçoso reconhecer.

Balanço do semestre (1)

O balanço político é pífio. O Congresso enrolou, enrolou, e nada de reforma política. Era um meio (vide postagens do início do ano legislativo) de desviar a atenção de escândalos. Sarney, especialista em disfarces, "liderou" a reforma que não deu em nada. Para valer em 2012 teria de ser aprovada até o final de setembro. Portanto teríamos 2 meses (agosto e setembro) para desenvolver todo o processo (negociações, votações nas duas Casas, etc). Sem ser pitonisa do oráculo de Delfos, disse no Globo News Painel que discutiu o tema, que tudo iria ficar como está. Infelizmente, acertei.

Eles não conseguem desenhar o futuro.

Saiu hoje em "O Globo":


Eles não conseguem desenhar o futuro / Artigo / Marco Antonio Villa

28/06/2011

Marco Antonio Villa é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos (SP).

1930 foi um marco na história do Brasil. Inaugurou o moderno Estado e uma nova visão econômica para o país. A importância econômico-social do período acabou apagando a memória repressiva. Se devemos ter muito cuidado com a “contabilidade do mal”, porém não custa lembrar que a ditadura varguista prendeu e condenou muito mais presos políticos que o regime militar. Contudo, o período é lembrado pela legislação trabalhista e a industrialização.

A memória seletiva e instrumental permitiu que cada corrente política escolhesse o que desejava resgatar do período.

A crise dos anos 60 sinalizou que o processo iniciado em 30 tinha se esgotado. Novos desafios estavam sendo colocados pelas modificações ocorridas nos anos 1950. A abertura ao capital estrangeiro, a intensificação do deslocamento populacional do Nordeste para o Sudeste, a crescente urbanização, os dilemas sobre a distribuição de renda, críticas ao funcionamento do sistema político, entre outros fatores, conduziram o país para um verdadeiro caldeirão de turbulência, que acabou no golpe civil-militar de 1964.

O regime militar fez várias reformas. Obteve êxito. O papel do Estado na economia foi ampliado numa escala nunca vista. Qualquer setor onde havia alguma dificuldade econômica, a saída encontrada era a criação de uma empresa estatal. E foram surgindo às pencas. O país melhorou a infraestrutura, desenvolveu novos setores produtivos e se integrou à economia mundial diversificando sua pauta de exportações.

Virou uma página histórica: deixou de ser um país com “vocação agrícola”. Como é sabido, houve um duro ataque às liberdades democráticas, como se não fosse possível compatibilizar crescimento econômico e a existência de um estado democrático de direito. A dificuldade de compreender, a partir de 1974, que estava ocorrendo uma transformação na economia mundial — com a quadruplicação do preço do petróleo, o surgimento dos “tigres asiáticos”, o início das mudanças econômicas na China após a morte de Mao Tsé- Tung, o fortalecimento do Mercado Comum Europeu e a crise da economia americana — fez com que o regime militar endividasse o país, desorganizasse a economia e jogasse a inflação anual, no fim do governo Figueiredo, para três dígitos.

O término do regime militar, em 1985, iniciou uma década de promessas, soluções mágicas e voluntarismo. De rompantes dignos de uma republiqueta latino-americana. Como a economia não se impressiona com discursos, a fraseologia não trouxe qualquer resultado positivo. Mas o malogro não foi imputado à teoria, mas à economia de mercado. Em meio ao fracasso dos planos de estabilização, veio a Constituição de 1988. Foram 20 meses de sessões. Nos últimos 60 anos, entre os países de democracia consolidada, não há registro de Constituinte tão longa. Foi feita a Carta mais extensa da nossa história. Transformou a Constituição em um pro grama de governo. Legislou sobre tudo. Concedeu benesses a todos os setores sociais. E o pior: em meio a uma grave crise econômica, que levou o país à maior inflação anual da nossa história.

A estabilização econômica parecia impossível. Dentro daquele espírito nativo tão adaptativo, surgiram até “teorias” que justificavam a inflação como um meio de crescimento econômico. Neste ambiente, tudo conspirava para que nada fosse modificado. A inflação e suas mazelas eram uma espécie de sina com que o país tinha de conviver.

Em 1994, o Plano Real mudou a hist ória econômica do Brasil. Teve, à época, muitos detratores. Nenhum deles fez autocrítica. Preferiram esquecer o que falaram (hoje estão no governo). Se foi importante a moeda voltar a ter valor e derrubar os índices de inflação — sem qualquer tipo de congelamento de preços e salários —, mais complexa foi a reestruturação econômica, que envolvia, inclusive, redefinir o papel do Estado na economia.

Não foi tarefa nada fácil enfrentar mitos, preconceitos e acusações, tanto da direita como da esquerda. Afinal, o Estado brasileiro acabou, ao longo do tempo, soldando uma curiosa aliança das duas correntes, cada uma com seu projeto, mas identificando- se com o expansionismo estatal e a defesa dos interesses corporativos.

O surto de desenvolvimento que estamos assistindo é consequência direta dos efeitos do Plano Real. Sem ele, não teríamos um crescimento sustentável. E nem o Brasil estaria entre os países emergentes. Não é exagero afirmar que 1994 foi economicamente tão importante como 1930. E melhor ainda: manteve as plenas liberdades democráticas, diferentemente do que fez o regime de 30.

Assim como os atuais detentores do poder não reconhecem a importância histórica do Plano Real, também não conseguem desenhar o futuro. Revelam uma absoluta ausência de pensamento inovador. Olham o futuro com a ótica do passado. No fundo, odeiam o capitalismo e o livre mercado. São prisioneiros de uma visão de mundo do século XIX. Vivem uma eterna crise de personalidade, entre o que politicamente pensam e, algumas vezes, agem; e o que realizam no campo econômico.

Daí as concessões aos “movimentos sociais” ou o apoio aos tiranos do antigo Terceiro Mundo. É como se as palavras lavassem a alma “contaminada” pela ação capitalista.

Mas a economia vai seguindo o seu próprio caminho. Só que necessita de correções. Dificilmente o governo vai identificar o rumo correto. A carcomida ideologia é um verdadeiro obstáculo epistemológico. Não é nenhum exagero afirmar que o Partido Comunista Chinês acredita mais no capitalismo do que o Partido dos Trabalhadores.

Aviso

Roberto Santos de Carvalho, por favor envie o seu email, para que eu possa responder.

Postagens

Devido a conclusão de um livro acabei ficando impossibilitado de manter a periodicidade das postagens. A partir de amanhã, espero retornar ao normal.

Como o esperado

O PMDB cobra o apoio. Era esperado. A fantasia de gerentona durona usada por Dilma foi para o armário. A cada dia tem menos autonomia. Tanto do PMDB, como (e principalmente) de Lula e do PT. É como se estivesse "fazendo hora". Como já escrevi, é muito cedo. Este papel era para ser desempenhado no final de 2013, quando a campanha presidencial do ano seguinte estivesse em pauta, como o grande assunto político.


O mais incrível é que o país caminha economicamente sem governo. Lembra um pouco a Bélgica, que está sem governo efetivo faz um tempão e obteve bons resultados econômicos.

Como também já falei e escrevi, a bagunça administrativa é tão grande, que (basta consultar a agenda da presidente) Dilma, até hoje (um semestre de governo), não recebeu vários ministros em audiência privada.

Lula, palestrante e presidente (de facto) do PT

Lula assumiu a presidência do PT. Compreensível. Afinal, Rui Falcão (presidente de fachada) é um desconhecido na cena nacional. Além da presidência de facto do PT, também o ex-presidente vai fazendo o papel de articulador com os outros partidos da base. Sem esquecer o papel de conselheiro-mor da presidente Dilma. É muita coisa, mas ele gosta de ser o centro. Além do que, as palestras estão rendendo uma fortuna. E a segurança que o ex-presidente tem direito? O acompanha nas palestras? A lei permite? Isto, caso ocorra, é extensivo às viagens internacionais, como fará para 4 países?

Analisando FHC

Saiu no Estadão de sábado:


Aos 80 anos, FHC tem legado revisto

Depois de uma década sob 'desconstrução' de sua imagem imposta por Lula, ex-presidente tem obra reavaliada até por Dilma Rousseff

18 de junho de 2011 | 0h 00
Alberto Bombig e Lucas de Abreu Maia - O Estado de S.Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso completa 80 anos hoje em meio a uma onda revisionista de seu legado político, administrativo e intelectual, motivada pela declaração da presidente Dilma Rousseff de que o tucano deu "contribuição decisiva" ao desenvolvimento do País.

Na última década, FHC teve sua gestão (1995-2002) sob fogo do PT, em especial do sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que, empenhado em enfraquecer a oposição, decidiu "desconstruir" a imagem e o legado de FHC.

Com Lula fora do poder, cientistas políticos, sociólogos e historiadores ouvidos pelo Estado acreditam que FHC terá sua obra devidamente reconhecida e respaldada pela História.

"As críticas ao governo FHC são retórica. Os presidentes que o sucederam copiaram mais do que inovaram. Por exemplo, a presidente Dilma Rousseff, ao propor a privatização dos aeroportos do país, vai pôr em prática uma das lições de liberalismo econômico ensinadas por Fernando Henrique" diz Celso Roma, cientista político da USP.

"O Lula não encontrou nenhuma herança maldita. É um legado que só está sendo redescoberto agora, até mesmo com a carta de felicitações da presidente Dilma Rousseff", afirma o historiador Marco Antonio Villa.

Foi no exílio no Chile, em 1967, que FHC publicou seu livro mais famoso: Dependência e Desenvolvimento na América Latina. "Houve um momento em que o mundo inteiro debatia a teoria da dependência", diz o cientista político José Arthur Gianotti. "Um legado indiscutível."

"O Fernando sempre teve uma habilidade política muito grande, mesmo na academia. Eu me lembro de dizer: "Fernando, você é um homo politicus". Ele conseguia aglutinar e organizar os colegas", diz Leônico Martins Rodrigues, sociólogo da USP e amigo de FHC. Para José Augusto Guilhon de Albuquerque, a maior qualidade de FHC foi a capacidade de agregar pensamento acadêmico ao ativismo partidário: "Essa confluência fez com que ele trouxesse para a política a elite intelectual".

Os cientistas políticos veem no fortalecimento das instituições democráticas um legado que só agora está sendo revisitado. "Os primeiros cinco anos depois da Constituição de 1988 foram muito caóticos. Com o impeachment do ex-presidente (Fernando) Collor em 1992, a fragmentação dos partidos e a posse de Itamar Franco, que não era filiado a nenhuma sigla quando assumiu, parecia que o Brasil tinha fracassado novamente", afirma Jairo Nicolau, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

"O FHC fez uma coisa extraordinária: não apenas deu a posse ao Lula, seu grande rival político, quanto criou uma estrutura para a transição, coisa que nunca tinha acontecido na história do Brasil", diz Rodrigues.

"FHC é responsável pela recuperação da dignidade da política na forma aberta e tolerante com que tratou aliados e adversários e pela demonstração, com o Plano Real, de que a vontade política, se bem embasada na realidade, pode sim transformar a sociedade para melhor", afirma José Álvaro Moysés, também da USP.

Discutindo o ME

Esta reportagem saiu no Zero Hora de hoje. Aqui, segue um trecho:


Sem inimigo externo, universitários se enredam em disputas pelo poder em DCEs

Referência nas lutas sociais e políticas, movimento estudantil virou troca de acusações

Referência nas lutas sociais e políticas do país, o movimento estudantil foi notícia nos últimos meses por troca de acusações, episódios de violência e um festival de baixarias. Em setembro do ano passado, na eleição para o DCE da UFRGS, houve boletins de ocorrência por agressão e suspeitas de fraude e até de roubo de atas.

Nos dias 8 e 9 deste mês, a escolha da representação estudantil da PUCRS no 52º Congresso da UNE foi marcada por violência e agressão a estudantes. O que aconteceu com o movimento estudantil?

Não que a política estudantil não tenha enfrentado agressões e episódios policiais no passado. Reprimida durante a ditadura militar (1964-1985), chegou a ser posta na ilegalidade, sem, no entanto, abrir mão da atuação por meio de uma estrutura clandestina. Hoje, porém, parecem predominar disputas entre correntes ideológicas do próprio movimento.

— O movimento estudantil não tem mais caráter anti-institucional, como nos anos 1960. Ao contrário, é um movimento extremamente institucionalizado e de aparelhagem das máquinas internas — avalia Daniel Mendonça, coordenador do mestrado em ciência política da UFPel.

O historiador Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos, oferece outra explicação. Para ele, a sociedade e a política brasileira mudaram desde a redemocratização, tornando a força do movimento equivalente à de outros atores do processo democrático:

— Estudantes tiveram protagonismo no Brasil, desde os anos 1930, porque os partidos ainda eram frágeis, e a sociedade civil, desorganizada. O deslocamento populacional campo-cidade mudou e criou novos problemas urbanos. Assim, nos anos 1960 e 1970, o ME ocupou enorme espaço na cena política. Com a redemocratização, foi desaparecendo, substituído por outras formas de fazer política.

Leia a reportagem completa na edição dominical de Zero Hora

Os movimentos da semana

Alguns fatos curiosos e suas possíveis consequências:


1. Fernando Haddad prepara o seu desembarque do ministério. Diz que quer ser candidato à ´refeito de São Paulo. É improvável. Sabe que está na rota de ser demitido. Busca uma saída honrosa. Faz parte da cota de Lula. É bem provável que Lula queira preservá-lo (sempre pensando no seu retorno, em 2015);

2. Foi Lula que fez o movimento em direção ao PMDB. Dilma teve de obedecer. Lula percebeu que o governo estava indo politicamente (que é só no que ele pensa) muito mal. Transformar o PMDB em sócio (mesmo que seja na aparência) diminui os atritos com o maior partido da base;

3. Ficou mais uma vez demostrado que este governo é frágil. Como escrevi no Estadão: a base é gelatinosa. E mais: a equipe ministerial é muito ruim. Para o país é péssimo. Afinal, estamos no mesmo barco. Para a oposição é um campo fértil. Contudo, é preciso saber se quer fazer oposição.

Fantasia e realidade

Saiu hoje no Estadão:


Fantasia e realidade
MARCO ANTONIO VILLA
O Estado de S.Paulo - 15/06/11

O primeiro quadrimestre da Presidência Dilma Rousseff dava a entender que teríamos um governo novo. Parecia que ela queria, discretamente, libertar-se do seu criador. O processo brasileiro tão clássico da rebelião da criatura contra o seu criador iria se repetir. Setores da mídia e da política nacional passaram a apostar nesse rompimento. Para isso era essencial realçar os méritos da presidente, sua competência, sua pertinácia e seu tirocínio. Tudo o que ela parecia fazer era motivo de largos elogios.

Porém, mais uma vez, a realidade sobrepôs-se à fantasia. Primeiro, com a inoperância governamental. Nenhum projeto do governo federal está com o cronograma em dia. Os tão falados "gargalos" não só permanecem, como foram ampliados. A equipe ministerial é de uma incapacidade raramente vista na História republicana brasileira. Ou os ministros são omissos ou, quando são notados, os motivos são as constantes trapalhadas. A presidente acabou ficando perdida em meio à burocracia oficial e demonstrou uma enorme dificuldade gerencial, sem saber destacar o que era relevante e fundamental para o País das questões comezinhas do cotidiano administrativo. Confundiu seriedade com minúcia digna de um dono de armazém. Dessa forma, o governo está paralisado, somente o que funciona é o que foi herdado da gestão anterior. E, claro, com tempo de validade restrito. Afinal, a conjuntura mundial vai mudando e novos desafios são apresentados ao Brasil.

Nestes cinco meses, a presidente ainda não conseguiu apresentar ao País o que pretende fazer. Ela administrou o varejo, ampliou o número de Ministérios (como se a quantidade dos então existentes fosse pequena) e requentou programas já conhecidos. As propostas apresentadas durante a recente campanha eleitoral foram arquivadas. Dessa forma, evidentemente, não foi possível dar a sua cara ao governo. E não pode dizer que encontrou dificuldade com a oposição.

Politicamente, deve ser recordada a crise entre o governo e o PMDB. A razão mais explícita foi a votação do Código Florestal. O então ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, bateu boca com o vice-presidente da República, Michel Temer. Coisa ao estilo de um fim de feira, na hora da xepa, e não de um governo que se apresentava como sólido, com uma base congressual consolidada. A presidente confundiu energia presidencial com indisposição para negociação e isolamento com dedicação administrativa.

A inexperiência política colaborou para aumentar a tensão. Quando foi obrigada a chamar o ex-presidente Lula para apagar o incêndio, resolveu um problema imediato, mas criou outro muito maior. Desvelou para o Congresso Nacional que não consegue resolver uma crise rotineira da base. Divergências são comuns entre Executivo e Legislativo. Querer cobrar um comportamento de absoluta obediência e subserviência dos partidos da base leva necessariamente ao enfrentamento e quem perde - na atual composição de forças - é o Executivo. Tanto que o PMDB acabou saindo como vencedor.

A demora para solucionar a crise gerada pelas denúncias que envolveram o ex-ministro Palocci reforçaram a sensação de que Dilma pode estar caminhando para um processo de sarneyzação da Presidência. E sem a perspectiva de um Plano Cruzado. Convenhamos que é muito cedo. Mal completou cinco meses de mandato. Para piorar ainda mais, só falta o tema da sucessão, em 2014, começar a ocupar o noticiário político. Se isso ocorrer, Dilma estará seguindo os passos de Epitácio Pessoa. Eleito em 1919, meses depois o assunto não era mais o seu governo, mas a sucessão presidencial, que ocorreria somente em 1922. O próprio Estadão criou uma seção fixa do jornal para tratar do tema.

É evidente que, no caso Palocci, Dilma estava com as mãos atadas. O ex-ministro fazia parte da cota pessoal de Lula. Ela tinha, primeiro, de negociar com o padrinho, antes de demitir o afilhado. Mas o padrinho endureceu e tentou manter Palocci a qualquer custo. A estratégia lulista de aguardar o parecer - já sabido - do procurador-geral da República foi um fracasso. O fulcro da questão não era legal, mas principalmente ético. E aí apenas restou aguardar a solicitação de demissão.

A designação de uma figura politicamente anódina para a Casa Civil tende a congelar a crise política. Era a hora de nomear alguém de peso, que permitisse dar novo fôlego ao governo. Mas a presidente ficou temerosa de não ter o domínio absoluto da Casa Civil. E é justamente essa obsessão, a de controlar tudo o que acontece no Palácio do Planalto, que acaba enfraquecendo a sua ação. Dilma não entendeu que um governo democrático tem de delegar funções e autoridade. A concentração do mando na presidente não é demonstração de força, muito ao contrário. Mostra fraqueza e desconfiança no desempenho dos seus ministros.

As últimas quatro semanas confirmaram o que era evidente para qualquer observador com um mínimo de criticidade. O governo é frágil, tem uma base congressual gelatinosa, comunica-se muito mal com a população e vive ainda com base no prestígio adquirido pela gestão presidencial anterior. Ninguém consegue identificar um programa governamental que esteja caminhando bem e represente a nova administração. E as pesquisas de opinião devem demonstrar, daqui para a frente, o crescimento do sentimento de frustração entre seus eleitores.

Tudo indica que o governo ganhará novo fôlego nas próximas semanas. A ministra da Casa Civil deverá ser momentaneamente transformada numa grande especialista em administração pública. Será elogiada pelos motivos mais banais, típicos de um país onde não há debate político. Logo a máscara vai cair. Novamente o imperativo da realidade política vai se impor. E a crise tende a continuar, ora mais aguda, ora mais amena. O problema é que governo não tem um projeto para o País.

Debate Econômico

Vai a pena ler esta bela entrevista de Wilson Cano publicada na Folha de S. Paulo. Concordo com grande parte das idéias do professor Cano:


WILSON CANO ECONOMISTA

Brasil se desindustrializa e canta como cigarra a música da China

PESSIMISTA, PROFESSOR DA UNICAMP PREVÊ FIM DE "FARRA DAS COMMODITIES" E RECLAMA DA AUSÊNCIA DE UMA ELITE INDUSTRIAL E DE UM GOVERNO MAIS "NACIONALISTA" NO PAÍS

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO

A desindustrialização no Brasil avança. O país está regredindo. Não basta ter uma política industrial. É preciso mexer no câmbio e reduzir muito os juros. O diagnóstico é do economista Wilson Cano, 73.
Nacionalista e admirador de Celso Furtado, Cano tem sua vida acadêmica ligada à história da Unicamp. Doutor e livre-docente em economia, hoje aposentado, ele é professor voluntário na Universidade.
Autor de diversos livros sobre desenvolvimento industrial, Cano está pessimista. Sente falta de empresários com visão estratégica e critica o modelo que "está exterminando o futuro", diz. Prevê o fim da farra dos altos preços das commodities, já que a China constrói novas fontes de abastecimento. Para ele, o Brasil erra como uma cigarra que canta com música chinesa.


Folha - Está ocorrendo desindustrialização?
Wilson Cano - O termo tem dois sentidos. No primeiro é um fenômeno que se vê com naturalidade: é a diminuição da proporção da renda e do produto gerado pela indústria no PIB geral.
Isso ocorre em sociedades que já atingiram um padrão de produção e de consumo, onde a urbanização é praticamente total e a diversificação de serviços é extraordinária. Nesses locais é normal aceitar que o peso da indústria no PIB esteja reduzido a 20%, como se aplica aos países da Europa Ocidental e aos EUA.
No mau sentido da palavra, desindustrialização significa uma precoce diminuição da presença da indústria num país em que ainda há muita coisa a fazer em termos de industrialização, como é o caso do Brasil.

Como explicar isso?
Nos anos 1980 o peso da indústria de transformação no PIB era de 33%. Hoje é de 16%. Tínhamos toda uma frente por desenvolver: espacial, petroquímica, química fina, informática, eletrônica, fármacos.
Entretanto estamos há 31 anos em crise. Nos 80 veio a crise da dívida. Depois o neoliberalismo com um crescimento medíocre, até 2003.
De 2004 para cá estamos vivendo um processo ilusório, em parte, porque estamos crescendo sem investimento. Estamos crescendo pelo consumo, pelo crédito. E a situação no mercado internacional que é excepcional, com os elevados preços de produtos primários.

O sr. escreveu recentemente que as políticas cambial e de juros podem ser exterminadoras do futuro. Como explica essa afirmação?
A relação manufaturados/exportações totais chegou a atingir 59% e hoje está na casa dos 40%. Se olharmos as estruturas produtivas e exportadoras segundo o grau de intensidade tecnológica estamos regredindo. Estamos na contramão da história econômica.

Há a questão do déficit comercial de produtos industrializados.
Ele é enorme e crescente. Principalmente em dois compartimentos: o automobilístico -que paradoxalmente é o que recebe o maior número de favores do Estado- e setor eletrônico, mostrando claramente as perdas que a nossa indústria vem sofrendo.

Quão grave é o processo?
Tínhamos homens como [Abraham] Kasinski, [José] Mindlin (1914-2010), que eram dois baluartes da indústria de ponta, moderna. Um teve que vender a fábrica para os americanos. O outro vendeu e se transformou em montador de motocicletas em Manaus e acabou vendendo para os chineses.
Há coisas que são irreversíveis. Como quando se destrói segmentos da elite industrial brasileira. Eram homens que sabiam o que significa uma indústria nacional.

Onde está a visão estratégica?
A estratégia deles é ganhar dinheiro lá fora pegando o dinheiro do BNDES para matar boi nos EUA. Os empresários estão preocupados em ganhar dinheiro com dólar barato. Fazem negócio lá fora ou simplesmente aplicam no sistema financeiro. Com essa taxa de juros, quem tem o dinheiro aplica no mercado financeiro sem ter que se preocupar com trabalhador, processo produtivo, imposto.

E o que deve ser feito?
O próprio ministro do Desenvolvimento disse a empresários que não tem jeito. Parece ser um governo conformista. O nacionalismo está meio fora de moda.

Isso compromete o futuro?
Sim, porque estamos cantando como uma cigarra. Estamos cantando com a música chinesa. Cantando por exportar galinha e soja e minério de ferro. Mas isso nunca deu futuro a ninguém. As lideranças aceitam que é muito bom ficar exportando essas coisas, mas esquecem da regressão industrial.

A farra das commodities vai acabar?
A China está abrindo frentes de produção na África e na América Latina para a produção de minério e de petróleo, grãos, carne. Estão buscando novas fontes abastecedoras. A China sabe que não pode continuar crescendo a 10% e pagando o preço que está pagando por essas matérias-primas.

Isso vai resultar em queda no preço das commodities no longo prazo?
Sim, sem dúvida.

O governo deveria controlar mais os capitais externos?
Há várias formas de controle sobre o fluxo internacional de capital. Estamos vendo uma anormalidade com esse dólar. O governo não tem feito muita coisa, porque para fazer alguma coisa teria que alterar profundamente esse modelo econômico.

Mas o país não está menos vulnerável?
Estamos cantando que diminuímos a nossa vulnerabilidade externa porque temos reservas internacionais de U$ 300 bilhões e a dívida externa pública diminuiu. Mas a privada aumentou. Temos reservas, mas temos mais de U$ 350 bilhões de investimento estrangeiro em carteira que podem rapidamente se mobilizar e sair do país.

Quais deveriam ser os principais pontos da política industrial que o governo está preparando?
Investir, inclusive em ciência e tecnologia nos setores de ponta que não conseguimos avançar na passagem dos anos 1980, notadamente fármacos e microeletrônica, em especial chips.
Eliminar a guerra fiscal e reformular a Zona Franca de Manaus. Rever profundamente a nossa política de comércio exterior.

Basta ter uma política industrial se câmbio e juros continuarem como estão?
Com a atual política econômica, nenhuma política industrial terá sentido. Não foi assim com as políticas dos países desenvolvidos, em especial todas as asiáticas.

O sr. fala que é preciso investir, inovar, exportar e financiar tudo isso. Qual sua receita para o governo?
Há que ter vontade política e consciência crítica para alterar o modelo macroeconômico. É preciso baixar os juros, mas para isso não podemos conviver com esse câmbio. É uma camisa de força.



O "sigilo" eterno dos documentos históricos.

Saiu hoje no Estadão:


Historiadores criticam recuo da presidente

13 de junho de 2011 | 0h 00
Daniel Bramatti - O Estado de S.Paulo

O fato de a presidente Dilma Rousseff ter cedido às pressões dos defensores do sigilo eterno de documentos ultrassecretos foi considerado "lamentável" pelo historiador Carlos Fico, militante pela abertura dos arquivos da ditadura militar.

Marco Antonio Villa, também historiador, afirmou que a decisão criará mais um entrave para que os cidadãos possam refletir sobre a história recente do País.

"É lamentável que o governo recue com o projeto de lei pronto para ir à votação no Senado", destacou Fernando Oliveira Paulino, um dos coordenadores do Fórum do Direito de Acesso a Informações Públicas.

Para Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o principal responsável pelo recuo de Dilma é o Ministério das Relações Exteriores, que teme passar por constrangimentos diplomáticos caso venham a público registros históricos brasileiros sobre questões que envolvem países vizinhos.

"Se a informação se confirmar, será um retrocesso não apenas do ponto de vista político, mas também da própria palavra da presidente", afirmou Fico, referindo-se ao fato de Dilma já ter orientado sua base a aprovar o projeto com um limite de 50 anos de sigilo para os papéis ultrassecretos.

Sem comparação. "Assim não conseguiremos ter acesso a fontes primárias para escrever a história contemporânea do Brasil", observou Villa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). "Não conheço nenhum país democrático com legislação tão rigorosa quanto a brasileira em relação ao sigilo de documentos."

O historiador creditou o recuo de Dilma às pressões dos ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney, ambos senadores e contrários ao fim do sigilo eterno. "Eles temem a divulgação de documentos com informações sobre seus próprios governos", apontou Villa. "A decisão mostra que a presidente continua refém de uma base governista movida por interesses nada republicanos."

O projeto que trata do sigilo de documentos também estabelece regras para que o governo responda a pedidos de informações feitos por cidadãos e empresas. Se ele for alterado no Senado, como agora admite o Palácio do Planalto, terá de voltar à Câmara dos Deputados para uma segunda votação na Casa. Com isso, seria inviabilizada sua entrada em vigor em um prazo curto.

"A aprovação do projeto pode proporcionar transparência na relação do Estado com a sociedade, evitando situações de corrupção e facilitando investimentos de empresas nacionais e internacionais", disse Paulino. Para ele, o recuo de Dilma "trará prejuízos à cidadania e à economia brasileira".



Versões

Nesta semana (queda do Palocci, nomeações de Ideli e Gleisi, remanejamento da Luis Sérgio, etc) já foram produzidas várias versões e interpretações com prazo de validade de uns 2 ou 3 meses. Como aquelas que Dilma governava "para dentro", que o governo era diferente do anterior, que ela queria se libertar do Lula, que Palocci poderia ser candidato à presidência em 2014, etc, etc.


1. Ideli é uma "excelente" articuladora. Não há nada que justifique esta interpretação. Se fosse, não estaria cuidando dos peixes (além da fragorosa derrota em SC, em 2010);

2. Gleisi é "um trator". Onde? Em Londrina? No Mato Grosso do Sul, onde Zeca do PT não é mais eleito nem para inspetor de quarteirão? É mais um gênio da administração pública?

3. Começou o governo Dilma. Começou?

4. Dilma se libertou de Lula. Mas quem é Dilma sem Lula?

5. O PT de São Paulo foi derrotado. De quem é a presidência nacional do partido? Palocci tinha força na seção regional? Palocci, afinal, representava quem? São Paulo, Lula ou o grande
capital?

As novas ministras

Dilma começa a 'controlar próprio governo', avaliam analistas

Presidente trocou principais nomes do ministério em uma semana.
Para cientistas políticos, escolhas pessoais de Dilma a afastam de Lula.

Andréia Sadi e Iara LemosDo G1, em Brasília

Presidenta Dilma Rousseff cumprimenta a nova ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, durante a posse na última quarta-feira (8). (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência)Dilma cumprimenta a nova ministra-chefe da Casa
Civil, Gleisi Hoffmann, em cerimônia de posse na
última quarta (8). (Foto: Roberto Stuckert Filho/
Presidência)

Com seis meses no governo, a equipe ministerial de Dilma Rousseff passou pelo seu primeiro “test drive” nesta semana. Duas das principais figuras do núcleo central do governo, Antonio Palocci e Luiz Sérgio deixaram os ministérios da Casa Civil e das Relações Institucionais, respectivamente, pressionados pelos principais partidos aliados. Ambos foram substituídos por duas escolhas pessoais da presidente: a senadora Gleisi Hoffmann e a ex-senadora Ideli Salvatti.

Para analistas ouvidos pelo G1, as mudanças dão a Dilma mais controle sobre o próprio governo, além de reforçar o rótulo de “governo feminino”, uma das bandeiras de sua campanha. Com a reformulação da chamada "cozinha" do governo, o Planalto terá três mulheres nos cargos-chave do governo.

“Isso é uma coisa interessante. O gabinete realmente adquiriu uma cara feminina. Nesse aspecto é bom. Reforça a própria condição das mulheres no processo político”, avalia o cientista político Leonardo Barreto.

Indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o governo de Dilma ainda na campanha eleitoral, Antônio Palocci foi coordenador da campanha petista em 2010 e, já no ministério, era considerado o homem forte do governo. Palocci, contudo, não resistiu a uma série de denúncias envolvendo ocrescimento do seu patrimônio pessoal.

“Sai uma pessoa que tinha um papel importante nas decisões e não entra uma pessoa com o peso equivalente ao do Palocci. A Dilma passa a ter mais autonomia”, disse Barreto.

Sem Palocci, Dilma substituiu um nome de confiança do ex-presidente por uma escolha pessoal. Senadora em primeiro mandato, Gleisi Hoffmann (PT-PR) foi convidada para comandar o principal ministério do governo. "Sai o 'lulista' [Palocci] e entra uma candidata a 'dilmista", aposta David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UnB).

A opção de Dilma por Gleisi surpreendeu o aliado PMDB e o próprio PT, já que nenhum dos dois partidos foi consultado a respeito da troca. Durante a semana, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, admitiu “surpresa” com a escolha, mas disse que a substituição foi uma “surpresa boa”. Na análise do cientista político David Fleischer, isso é um sintoma de que Dilma decidiu imprimir a sua marca pessoal no governo.

“Dilma vai imprimir o logotipo dela e tentar colocar gente de confiança nos cargos-chave do governo. Mas precisa se envolver mais, deixou a política a cargo de Palocci e escanteou o PMDB, que, apesar de tudo, é essencial para governar”, disse o professor.

Ideli Salvattie a presidente Dilma Rousseff(d) em cerimônia comemorativa do 146º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, no Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília. (Foto: ANDRE DUSEK/AGÊNCIA ESTADO/AE)Ideli Salvatti e Dilma em cerimônia comemorativa
do 146º Aniversário da Batalha Naval de Riachuelo
nesta sexta, em Brasília, antes do anúncio de que a
ministra iria para a Casa Civil (Foto: André Dusek /
Agência Estado)

Poder feminino
Com as alterações feitas nesta semana, dos 37 ministérios do governo, dez estão sob o comando de mulheres. Na montagem do quebra-cabeças do Planalto, a idéia inicial da presidente era preencher os cargos na Esplanada com 30% de mulheres. A meta está perto, mas ainda não foi atingida.

“Dilma está conseguindo, neste segundo tempo do governo, imprimir mais a sua marca. Na posse, já havia sinalizado isso quando convidou sua turma de militantes, usou a bandeira na eleição”, relembra Fleischer.

Ideli Salvatti, petista de Santa Catarina, substitui o ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ), que deixou o cargo após críticas de parlamentares sobre a articulação política do governo. Luiz Sérgio vai para o lugar de Ideli, no Ministério da Pesca e Aquicultura. Assim como aconteceu com Gleisi Hoffmann, os partidos aliados não foram consultados por Dilma a respeito da indicação da ex-ministra para o cargo.

A preferência do PMDB, por exemplo, era o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza. No entanto, Vaccarezza encontrava resistência dentro do próprio partido, como o grupo do presidente da Câmara, Marco Maia.

Para o cientista político da Universidade de São Carlos (Ufscar), Marco Antonio Villa, Dilma pode até formar o “clube da luluzinha”, mas, segundo ele, a marca é fraca para segurar um governo de 4 anos. A estrutura do governo vai depender muito da atuação das mulheres escolhidas por Dilma, avalia.

“Dilma pode até vender isso eleitoralmente, a questão do gênero, mas é pequeno deixar a marca por aí. O governo vive crise política com o Congresso Nacional. A crise não chama-se Palocci, chama-se Dilma Rousseff”, afirmou Villa.

Para o analista, Dilma erra ao não consultar aliados. "Ela não ouviu sequer o PT. Ela se trancou com um grupo e apresenta tudo como prato feito", disse. "Política é negociação, é ouvir o outro aliado, o adversário, trocar ideias. Politica não é passar como trator", disse Villa.