Um peso, duas medidas.
O "Valor" de hoje destaca uma importante notícia. No Brasil, o tema é quase que ignorado. No Congresso Nacional nem um mísero parlamentar oposicionista defendeu o senador boliviano. O governo brasileiro quer se livrar do asilado. Não sabe o que fazer. Ah, que diferença se lembrarmos do caso de Honduras e do fanfarrão Zelaya...
Bolívia nega salvo-conduto a senador
A Bolívia negou o salvo-conduto para que o senador de oposição Roger Pinto, abrigado há mais de 50 dias na Embaixada do Brasil em La Paz, deixe o país, asseguram duas fontes do governo brasileiro familiarizadas com o tema. Segundo uma outra autoridade do Brasil, a possível permanência do político boliviano por tempo indefinido na embaixada constrange o governo e pode impedir uma visita da presidente Dilma Rousseff à Bolívia, no segundo semestre. A viagem, para uma cerimônia de inauguração com o presidente Evo Morales, ainda não tem data marcada.
A negativa boliviana chegou ao governo brasileiro na semana passada. Roger Pinto chegou à embaixada no dia 28 de maio, dizendo-se vítima de perseguição política, com o pedido de asilo político à presidente Dilma Rousseff. Com uma ordem de prisão decretada contra si, ele aguarda desde então a autorização do governo boliviano para sair do país sem ser detido. Sua permanência já é vista como entrave a futuras visitas oficiais de autoridades brasileiras a La Paz, além de Dilma.
Na semana passada, o ainda não empossado novo embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, disse à mídia local que o chanceler David Choquehuanca já respondeu ao governo brasileiro sobre a situação do senador Pinto. "Vamos fazer valer os direitos que nos dá a lei. Nesse marco, seguramente está dada a resposta do Estado boliviano ao Brasil", afirmou Justiniano, segundo o jornal "La Razón". "Não conheço o texto, o conteúdo, não sei quais são as bases e fundamentos da resposta", acrescentou.
Procurada pelo Valor na semana passada, a chancelaria boliviana confirmou a declaração de Justiniano, mas se negou a comentar o conteúdo da resposta dada às autoridades brasileiras. Também procurada, a Presidência boliviana não respondeu.
"A Bolívia já decidiu e nos comunicou que o salvo-conduto não será dado", confirmou uma graduada fonte de Brasília, familiarizada com o país vizinho. Absorvida na crise com o Paraguai, suspenso do Mercosul, e na entrada da Venezuela no bloco, a presidente Dilma não incluiu ainda a Bolívia entre os temas que a têm ocupado nos últimos dias. Durante a Rio+20, ao se encontrar com Morales, o asilo do senador boliviano não foi nem lembrado, por ela ou por ele.
O governo brasileiro argumenta ter dado direito de asilo ao senador por "razões humanitárias", dentro da tradição diplomática da região. A maior parte das acusações contra ele, argumenta-se em Brasília, se deve a ações realizadas durante o mandato, o que justificaria a proteção da embaixada, embora o Brasil não pretenda avaliar o mérito, nem da acusação, nem das justificativas de Pinto.
O Itamaraty tenta evitar que o tema se transforme em disputa de Estado entre os dois governos e busca uma solução rápida para o caso. O asilo foi concedido, e defendido nas conversas com o governo Morales, sob alegação de que seria danoso à imagem dos dois países expulsar o senador da embaixada e correr o risco de algum acidente com ele, dado o clima de radicalização política no país. O senador chegou à embaixada pedindo "refúgio", figura diplomática que não cabia em seu caso, segundo lhe explicaram os diplomatas. Foi o Brasil quem sugeriu o asilo como fórmula de permanência do político na representação brasileira em La paz.
Roger Pinto ocupa há quase dois meses uma sala sem banheiro na embaixada. Ele diz ser alvo de mais de 20 processos judiciais em seu país e alega "perseguição política". O senador afirma que os processos foram motivados por denúncias que fez contra membros do governo Evo Morales por corrupção e envolvimento com o narcotráfico, razão pela qual decidiu pedir asilo ao Brasil.
"O asilo concedido pelo Brasil é uma humilhação para Morales", disse outra fonte do governo brasileiro. "Isso afeta diretamente a estratégia central do governo boliviano, que é de intimidação judicial [contra políticos opositores]".
A situação do senador boliviano descontenta o governo brasileiro, embora oficialmente o Itamaraty negue atrito com a diplomacia de Evo Morales.
Na avaliação de um experiente diplomata em atividade, o Itamaraty perdeu a chance de pressionar La Paz, ao conceder, rapidamente, o "agrément" (a autorização diplomática) para que Justiniano assuma o posto de embaixador no país. "O Brasil poderia ter adiado o agrément para o embaixador até que a situação do senador se resolvesse", disse a fonte. "Alguém tem que falar grosso com a Bolívia; não tem como dizer que está tudo bem."
O imbróglio envolvendo o senador boliviano coincide com uma extensa agenda bilateral negativa. Um dos problemas a resolver é a questão dos "chutos", os mais de 400 carros reconhecidamente roubados no Brasil que estão em pátios da polícia boliviana. Eles ainda não foram devolvidos por questões burocráticas, mas há a expectativa, por parte dos diplomatas, de que o governo boliviano resolva o principal problema: a logística para retirar os carros do país sem enfrentar manifestações e bloqueios de rota por parte de manifestantes contrários à apreensão dos automóveis.
Outro problema é a queixa de empresas do Brasil, que se dizem vítimas de perseguição na Bolívia, com quebras de contrato para obras e processos criminais contra seus executivos - situação que teria piorado após a concessão de asilo ao senador Roger Pinto. Há autoridades no Brasil que avalizam essas queixas.
Em ambos os casos, há insatisfação tanto com o tratamento dado pelo governo Morales como com a reação do Brasil, que evita intervir sob o argumento de que questões comerciais pontuais, entre empresas e governos, não devem ter interferência do Estado. E há, entre autoridades brasileiras, quem acredite que o governo "deveria mostrar um pouco de irritação".
# por Joaquim - 19 de julho de 2012 às 10:28
Saudades do FHC...
Naquela época não tínhamos caudilhos de repúblicas bananeiras zombando com a América Latina. Não era Hugito que chefiava o sub-continente, mas aí se instaurou, em 2002, a Terra Lullensis e as portas do inferno foram abertas com louvor mensaleiro aos bufões.
Deve ser mesmo duro pra um senhor sério como o Mujica lidar com esses apedeutas...
# por Anônimo - 19 de julho de 2012 às 13:39
Prezado professor,
O senhor se esqueceu de incluir no exemplo, além de Zelaya, o perseguido italiano Cesare Battisti.
# por ubirajara araujo - 20 de julho de 2012 às 08:25
Semm dúvida, Cesare Batisti é muito mais importante para o Governo do Brasil que um pobre latino insignificante em seu curriculum.
# por Anônimo - 20 de julho de 2012 às 10:59
Segue informação de meu pais, e dizer que suas afirmações esta erradas, abismalmente.
Estradas asfaltadas, 4 mil km nos últimos 40 anos. No governo de Morales fez igual,asfaltou, em 6 anos os 4 mil km.
Estradas novas no 2005 antes se fez 190 km, no governo de Morales 2011, 400 km.
PIB, no ano 2000; 900 $us, e no governo Morales 2011 , 2000$us
Reservas internacionais; quando Evo entrou 2006 tinha 1 mil millones, hoje temos 13 mil milloes.
Educacao e saúde, segundo o IDH subimos 2 pontos, no governo de Morales
Gasolina, 0.5 $us, Diesel 0,5 $us, Gas 10 kilos bujao 3 $us
Pode encontrar esta informação em qualquer organização.
Politica, ganhou as eleições com 64%. É produto de sua gestão publica as informações acima são o respaldo de boa política.
Democracia, Na Bolivia teve eleições de Juices a nível nacional, com a participação de Nacoes Unidas e OEA. Existen índios: juices, diputados ,senadores; antigamente esses eran tratados como peões.
Coca, a plantação é a matéria prima da cocaína, os agricultores plantam porque os estrangeiros narcotraficantes compram, e pagam bem. Veja se não gostassem de vinho ninguém plantava uva. Ou tabaco para o cigarro que mata mais que a coca. Bolivia é o terceiro produtor, antes estão Colombia e Peru. Os traficantes com dinheiro são de Brasil, Colombia, Mexico, EEUU, ate nos filmes mostram.
Corrupção: Estão presos um governador, vários ex ministros, e ex deputados. Uma mostra que poderoso também vá a cadeia. Igual que o senador Pinto fugiram a os estados unidos, e outros países muitos, e desde La dizem que Evo os persegue.
# por Anônimo - 20 de julho de 2012 às 12:40
Cadê o Suplicy que não aparece numa hora dessas? Ele poderia vestir a cueca sobre a calça do terno e defender o pobre perseguido político boliviano.
Ah, me desculpem! Li o post do anônimo acima: a Bolívia não persegue ninguém, não exporta cocaína (usando o Brasil como plataforma de exportação), e tem eleições limpas. Como na Venezuela chavista!
Tenha dó...
Sds.,
de MarceloF.
# por Anônimo - 20 de julho de 2012 às 13:17
Caro anonimo, se eu fosse voce voltaria para a Bolivia, aproveitaria o lucro das apropriações indevidas, inclusive da Petrobras.
# por j.a.mellow - 20 de julho de 2012 às 22:30
DZEDM QUE PAÍSES NÃO TEM AMIZADE TÊM INTERESSES!
ENTÃO QUE INTERESSES SERÃO ESSES, SE SÓ LEVAMOS F...?
# por Vítima do índio - 28 de novembro de 2012 às 01:26
Eu infelizmente moro na "bosta" do país do índio, digo do Evo. Aqui eles não exploram não, roubam mesmo!. Começa na fronteira, onde você chega cedo para seguir viagem...e espera a boa vontade do Coronel em assinar o documento que te permite viajar, "cesta até cinco horas da tarde". Depois é roubado no posto de combustível, porque aqui extrangeiro paga "preço internacional", é parado em todo e qualquer biboca, e o pedido de propina é explícito!. O preço e o custo de vida na "bosta" desse país é mais alto que no Brasil em véspera de Olimpíedas e Copa do Mundo, resumindo a informação do anônimo está certinha...aqui o Evo domina a tribo...ganha os silvículas. Sequestro; Roubo; legalização aqui chama "estatização"; apropriação para o povo e legalização de produto de roubo do "hermano" Lula...