A crise entre o PT e o PSB.

Deu hoje n'O Globo:


Especialistas veem PT em momento difícil para as eleições

Queda nas candidaturas próprias e julgamento do mensalão complicam cenário para o partido


SÃO PAULO - Número de candidaturas próprias em queda nas capitais: 17 contra 19, de 2008. Uma candidatura, a de Fernando Haddad, que patina nas pesquisas em São Paulo. Afastamento de um importante aliado (o PSB) em três cidades estratégicas — Recife, Belo Horizonte e Fortaleza. Julgamento do mensalão, um escândalo com o potencial de afetar seu desempenho nas urnas. Tudo isso aliado a uma presidente (Dilma Rousseff) que, segundo analistas, não gosta de fazer política, um líder (Lula) — que gosta muito — impossibilitado de fazê-la por questões de saúde e à economia, cuja desaceleração promete acentuar-se ainda mais nos próximos meses. O PT, segundo avaliações de cientistas políticos consultados, vive um momento complicado. O que compromete as aspirações do partido tanto para as municipais de outubro quanto para as presidenciais de 2014.

 O partido vive sua pior crise de identidade dos últimos dez anos, e isso ameaça a liderança caudilhista de Lula no processo político nacional — opinou Marco Antonio Villa, professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos.
Para Villa, “apatia política” de Dilma, o estado de saúde e “um certo desgaste da figura do Lula entre políticos locais”, a incapacidade do PT em formar novas lideranças e, especialmente, a economia justificam o quadro . O julgamento do mensalão, segundo ele, também pode afetar as eleições.
— Se figuras-chave do projeto de poder do PT, como José Dirceu e João Paulo Cunha, forem condenadas, presas, a oposição poderá explorar isso muito bem na campanha municipal — afirmou Villa, para quem a ausência de nomes fortes locais recai sobre a figura de Haddad.
O cientista político David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), acrescenta ainda ao quadro a incapacidade — “talvez por soberba”— do PT em fazer coligações com o PSB, uma força política em ascensão.
— Resolver enfrentar o PSB em Recife, Belo Horizonte e Fortaleza é um tiro no pé. O PT perde força e pode pagar caro por isso. Se Campos era um nome para concorrer apoiado pelo PT em 2018, agora há quem aposte que ele saia candidato em 2014, contra a Dilma, quem sabe ao lado do Aécio (Neves, do PSDB) — disse Fleischer.
Carlos Mello, cientista político do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), acha que o mensalão ainda é uma incógnita e acredita ser muito cedo para falar em fracasso da candidatura Haddad.
— Ele está mal nas pesquisas (8%), o Serra mantém lá seus 30%, mas têm muito mais rejeição do que ele. Muita coisa pode mudar.
Mas o cientista político vê algo de concreto animando as eleições municipais e ameaçando o PT: “o nascimento de uma estrela que não é do partido, o Eduardo Campos”.
— Ele jogou o jogo direitinho. Com a saída da Luiza Erundina da chapa em São Paulo, não exigiu substitui-la. Por que? Já pensava em afastar-se do PT nas três capitais. Ganha, assim, capital político e pode realmente representar uma alternativa ao partido de Lula daqui pra frente.
No Rio, o partido, além de não ter um candidato próprio a prefeito este ano, vem, ao longo do tempo, investindo menos em lideranças cariocas.
— Mas isso não é de agora, o PT nunca foi forte no Rio. Agora, com a bem sucedida aliança com Cabral e Paes, isso passou a preocupar menos — explicou Mello.

 

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    # por Anônimo - 5 de julho de 2012 às 16:04

    Algo que não pode passar despercebido em qualquer análise política no Brasil é o fato de que uma parcela considerável da população está em nível de informação bastante inferior ao dos grandes pensadores, e que, muitas vezes, é esta parcela menos informada quem decide uma eleição.

    Outro ponto que não pode sair de perspectiva (considerando-se o sistema judiciário brasileiro): e se houver a absolvição dos acusados no processo do mensalão?

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    # por Rose - 5 de julho de 2012 às 20:06

    Até que enfim está caindo a ficha de algumas potenciais lideranças nacionais, até então a reboque do PT e cegos pela ganância.
    Tudo ficou claro depois do episódio da faxina da Veja, da qual os marqueteiros petistas se aproveitaram para colar a ação em Dilma, o que está enganando até supostos esclarecidos da classe média.
    Pois é óbvio que o acontecimento favoreceu o PT, que aproveitou para se livrar dos partidos aliados e avançar em seu projeto de poder absoluto.
    Logo chegariam à tão sonhada hegemonia, não fosse o fato de que muitos brasileiros não são tão bobos quanto o partido pensa e que os demais partidos começam a perceber o que realmente o PT quer.

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    # por Anônimo - 5 de julho de 2012 às 20:17

    Por Spada. Arraes Neto ( e Neves Neto), aquele que cooptou a velha turminha brava e pois a própria mãe no Tribunal de Contas, "alternativa ao partido do Lula". Fala sério, amigão. Só se for alternativa para pior, a exemplo do psdemb-agregados. O fato é que, a nosso ver, temos apenas uma alternativa a tudo isso aí, que são o Projeto Novo e Alternativo de Nação e de política-partidária-eleitoral ( PNBC, a ME e o HoMeM do Mapa da Mina), realmente diferentes de tudo isso aí. O resto, me desculpe a franqueza, é tudo apenas mais dos mesmos e mais continuismo da mesmice, dos quais estamos todos de saco cheio, cansados, esgotados e até enojados, há muito tempo.

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    # por Anônimo - 6 de julho de 2012 às 01:38

    O PT já foi longe demais e igualmente mostrou sua incapacidade para lidar com os problemas. Um partido se assemelha a um clube de futebol ou seja vive de resultados e os resultados para o PT são ruins tanto na economia, como na politica. Quando isso ocorre, até mesmo cego consegue perceber e muda de atitude é o que se espera nas próximas eleições.

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    # por Lucas - 6 de julho de 2012 às 08:46

    Tudo tem fim na vida.
    É a chamada fadiga do material.
    Mas, cadê a oposição para substituir o material deteriorado?
    Não vejo...

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    # por Anônimo - 6 de julho de 2012 às 10:57

    Cândido Vaccarezza e Sérgio Cabral - "um do outro", conforme flagra da imprensa - devem ficar deveras incomodados com noticias como as abaixo:

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/1115854-dados-revelam-papel-do-rj-no-esquema-diz-senador.shtml

    Mas, como disse o Anônimo 16:04, e se tudo (mensalão, CPI, etc) acabar em pizza, digo, absolvição?

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    # por Ana Lúcia K. - 6 de julho de 2012 às 15:34

    Anônimo das 10:57,
    A surpresa será não acabar em pizza!
    Elles já começaram a "si estranhar"...logo, logo, elles vão implodir. Há um limite para tudo, até para a falta deste. Os casos de corrupção estão aumentando a cada dia, em nº e em R$MILHÕES ou BILHÕES. Uma hora o povo cansa ou acorda.

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    # por Anônimo - 6 de julho de 2012 às 19:00

    Professor,
    vamos ver como a coisa vai ficar depois (e se) a tia Dilma resolver abrir o cofre para as candidaturas amigas... Mensalão, mensalinho, caixa 2, 3 e 4.
    Sds.,
    de MarceloF.

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    # por Anônimo - 7 de julho de 2012 às 10:40

    Em Porto Alegre, certamente o PT não ganha. No primeiro turno, vai ficar em terceiro - com ou sem Lula, com ou sem Dilma. E quem eles apoiarem no segundo turno, vence o outro candidato. Na realidade, Fortunati (PDT), atual prefeito, deve se eleger. Razões básicas: rejeição ao petismo e candidato do PT fraco. Soma-se a isto a passável administração do Fortunati (nota 6,0) e o fenômeno Manuela que sempre atrai muitos eleitores. Por fim, os governos Dilma e Tarso não empolgam ninguém em Porto Alegre, claro, tirando os xiitas e alienados de sempre.