Qual discurso?

A oposição está tendo enorme dificuldade em acertar o tom do discurso. É natural, infelizmente. Passou os últimos 7 anos sem saber o que fazer. Ora criticava, ora temia o enfrentamento mais direto, ora elogiava a política econômica do governo (basta recordar algumas sessões do Senado). Em suma, não sabia como cumprir o seu papel.

Enquanto isso, Lula foi navegando em um mar tranquilo. Quando teve problemas, estes não foram criados pela oposição, mas pela base (basta recordar como começou o mensalão). No desenrolar da crise do mensalão, a oposição ficou temerosa das consequências, deu um passo para trás e Lula, espertamente e com muita sorte, retomou a iniciativa política, encurralou os opositores, se reelegeu com facilidade e iniciou o segundo governo quase que sem oposição.

Agora, no processo eleitoral, o problema para a oposição é acertar o discurso. Para atacar o governo Lula não faltam problemas. Evidentemente - e como decorrência da ausência de oposição efetiva em 7 anos - terá de centrar fogo em Dilma, mostrar sua ineficiência administrativa (a propaganda acabou transformando a ex-ministra em um gênio da administração pública contemporãnea), sua inexperiência política e uma biografia pífia. O desafio é o de demonstrar tudo isso sem que pareça uma crítica fácil, ao estilo daquela que o PT fazia antes de 2002 ("ser contra tudo o que está aí").

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    # por Anônimo - 9 de junho de 2010 às 11:19

    O fato do presidente Lula ter tamanha aprovação , pode ser um dos fatores que faz com que a oposição tenha medo de ataca-lo .

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    # por Daniel Laporta - 9 de junho de 2010 às 19:19

    Seria importante destacar o esvaziamento ideológico dos partidos políticos brasileiros. Não falo apenas da falta de discurso, mas da renovação e sustentabilidade de idéias políticas e administrativas. Posso estar falando uma grande bobagem, mas alguém dentro dos partidos leva a sério os próprios institutos, como por exemplo dentro do PSDB, o Instituto Teotônio Vilela? Outra coisa interessante seria um estudo, não apenas de pesquisa acadêmica, mas jornalística mesmo, acerca da relevância desse tipo de braço intelectual do partido para a própria capacidade, financeira e administrativa, de criação de propostas. Vivemos em tempos de que, a titulo de exemplo, tanto política econômica como política social são assuntos exclusivamente técnicos. O que é extremamente medíocre na minha humilde opinião. O recrutamento partidário existe, mas a própria estrutura interna dos partidos e a incapacidade de sustentação financeira e a prioridade para a política da propaganda, muito mal feita por sinal (Mas temos que pensar que é feita para um eleitor “mal feito”) minam a capacidade de renovação de idéias e interesses se mantém estagnados ao “realismo”podre da política brasileira.

    PS: José Serra não é amador. Mas poderia parar para pensar na própria campanha de vez em quando. E não apenas cativar os prefeitos de “Jururu do Norte”, “São Joaquim da Cana Torta”, etc etc

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    # por lugudeno - 9 de junho de 2010 às 19:48

    Acho o tom adotado até o momento equivocado. E mais equivocado ainda é o bombardeio da mídia sobre a indigência intelectual de Dilma. Além de não surtir efeito prático, está quase a tranformando numa espécie de Lula de saias...

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    # por Ana Lúcia K. - 9 de junho de 2010 às 20:10

    Se o Serra fizer um discurso mostrando os dados da corrupção no período lula, com documentos, e demonstrar o quanto que o povo brasileiro seria benefiado (hospitais/equipamentos,escolas,remédios,tratamentos,etc) se ela fosse muito menor, já ganha muitos pontos pois as pessoas estão cansadas de ver e ouvir esse assunto para depois não dar em nada. Basta relembrar que quando esta farra começou a propina era de R$3.500,00(caso dos Correios, se não me engano)e agora não é nem mais de milhões e sim de BILHÕES. O Collor com a "Elba" é piada! E qual era o discurso do lula/ sindicalista naquela época? Tem colocar ele contra ele mesmo. Como disse a dilma:o BR está "afunhunhado" com tanta corrupção.Chega.

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    # por Cristiano Rodrigues - 10 de junho de 2010 às 14:52

    O discurso entendo que não deva ter como foco o Lula, mas sim a candidata Dilma. Tem que ser algo simples e direto, pois deve atingir ao eleitorado que de fato é suscetível a mudar o voto ou ainda não decidiu.

    Algo como slogans diretos: O que a Dilma pensa? O que ela fez? Comparar biografias. A desconstrução tem que ser dela não do Lula ou de seu governo. A oposição está perdida. Tem que focar nela e dicutir com ela. O PT está preservando a Dilma nitidamente e o PSDB/DEM estão batendo boca com o governo. A Dilma é uma nulidade e o PT sabe disso. Cabe a oposição descobrir.