Mexicanização?
A discussão sobre a "mexicanização" política do Brasil (não a novelesca) é antiga. Em 1970, após a grande vitória da ARENA, falou-se em mexicanização. Disseram que a ARENA era o PRI. Em 1986 falaram que o PMDB era o PRI, após a vitória acachapante de novembro. Nem a ARENA ou o PMDB tiveram qualquer semelhança com o PRI. O PRI era um partido de Estado e que carregava a mística da Revolução de 1910. Surgiu em 1929 (como PNR) com o objetivo de institucionalizar a revolução, evitando que os caudilhos empurrassem a política para ser resolvida nos campos de batalha (a última rebelião será a de Saturnino Cedillo, já na época de Cárdenas). Virou PRM durante o sexênio de Lázaro Cárdenas e PRI durante o mandato de Ávila Camacho. Dominou a cena política até 2000 com uma estrutura de partido única na América Latina (a filiação não era individual mas por organizações).
No Brasil nunca tivemos algo do gênero. O PT também não é o PRI,. Mas poderemos ter uma mexicanização à la brasileira com o PT, caso vença as eleições de outubro. O PT funcionaria como o partido que daria a coloração ideológica para a base. Não seria o partido hegemônico mas aquele que daria organicidade ao bloco do poder, que teria, na partilha do Estado, a liderança do PMDB. Poderia combinar crescimento econômico, atendimento das demandas de várias classes e suas frações e o paulatino asfixiamento das liberdades (que Lula tentou mas não - ainda? -conseguiu).
# por Daniel Laporta - 7 de junho de 2010 às 14:40
Complicado.
Hoje em dia falar em PT é falar em nome de quem? Ninguem sabe mais.
Alguns analistas (analista porque cientista político não é levado a sério, nem participam do debate, só analisam os números e soltam os clichês "Polarizou", "Renovou 30%") descolam a figura de Lula do PT.
"Lula é maior que o PT", dizem, como se a aparato do partido na máquina fosse um conjunto de peças intercambiáveis e de fácil substituição. Outros chegam e falam, "não, temos que olhar o aparato de sustentação do governo, toda a cúpula de notórios por trás do presidente,(apenas PT) como no primeiro plano Dilma, Palocci, Gilberto Carvalho, Pimentel, Zé Dirrrrceu e Marco Aurélio Garcia e no segundo plano - a ekipeconomica petista - Mantega, L. Coutinho, Nelson Barbosa e Gabrielli.
Alguns fatos são esquecidos.
Primeiro, Lula não é refém do próprio partido, é dono do partido, até a morte.
É refém sim dos partidos de sustentação e dos subgrupos dos mesmos, o que ninguém fala, muito menos a oposicão. Ao menor sinal de protesto interno (lembrar do revogar o irrevogável de Mercadante que resolveu cometer suicídio político frente ao eleitorado paulista) morde, esmigalha, passa no moedor e assopra.
Já a sustentação da situação é tratada como sagrada e protegida a qualquer custo em nome da garantia da governabilidade, diretiva passada pela cúpula e defendida a ferro e fogo a todos os quadros do partido, do paletó ao macacão.
# por Anônimo - 8 de junho de 2010 às 17:41
Parece que o que acabou prevalecendo foi e é a mexicanização das novelas e programas humorísticos. Neste, pontifica o chavismo (o humorístico mexicano). Nas novelas, foi uma guerra inicial contra as tramas venezuelanas mas as mexicanas eram imbatíveis desde a lacrimosa "O Direito de Nascer". Quanto à política, a mexicanização é brasileira mesmo.
# por Débora - 8 de junho de 2010 às 22:12
A grande verdade é que Artur Virgílio, José Agripino e um senador esquecido que pouco tempo depois até cassado foi, chamado Expedito Junior que a época era da base do governo foram responsáveis pelo fim da CPMF e pelos sonhos de um terceiro mandato.
Na Câmara como bem sabemos seria aprovado quase que por aclamação,cabe ao povo decidir se aceita o domínio lulista ou não.