A fratura do PT
A intervenção no PT do Maranhão é mais uma etapa no processo de controle do partido por parte da direção nacional. Mais do que controle, de domínio, elimando qualquer voz dissidente. O velho centralismo democrático leninista impôs com mão de ferro a vontade de Lula. Se o PT nasceu (ou teria nascido) como a "voz dos movimentos sociais", hoje vocaliza servilmente a vontade de Lula. Nem discute, obedece. Sabe que sem ele perderia os valiosos cargos da administração federal, o apoio financeiro dos empresários, a posição social que a nova classe dos dirigentes (deste a esfera municipal) acabaram obtendo na última década. Os tempos da fundação, da militância voluntária e das eleições com propaganda oriunda de recursos próprios (festas, rifas, venda de brindes, etc), acabou. Restava um pouco deste espírito em alguns estados, onde o movimento da história aparece um pouco mais lento. Mas também lá, o processo da vontade única (a de Lula), chegou.
Uma pergunta que fica é o que farão estes velhos militantes? Ficarão no PT? Abandonarão a política? Vão se filiar aos partidos já existentes? Criarão um novo partido? Aguardarão o resultado de outubro e com a derrota de Dilma lutarão pelo controle do partido, com um Lula enfraquecido?
# por Anônimo - 12 de junho de 2010 às 08:07
Caro Villa,
Ontem circulava na rede esse trecho do artigo de Sandra Starling, que tem tudo a ver com o que vc acaba de postar, só que desta vez em relação a Minas Gerais onde o rolo compressor lulista já passou. Abraço. Alberto Aggio
MANDA QUEM PODE, OBEDECE QUEM TEM JUÍZO”
"Adeus ao Partido dos Trabalhadores
Ao tempo em que lutávamos para fundar o PT e apoiar o sindicalismo ainda “autêntico” pelo Brasil afora, aprendi a expressão que intitula este artigo. Era repetida a boca pequena pela peãozada, nas portas de fábricas ou em reuniões, quase clandestinas, para designar a opressão que pesava sobre eles dentro das empresas.
Tantos anos mais tarde e vejo a mesma frase estampada em um blog jornalístico como conselho aos petistas diante da decisão tomada pela Direção Nacional, sob o patrocínio de Lula e sua candidata, para impor uma chapa comum PMDB/PT nas eleições deste ano em Minas Gerais.
É com o coração partido e lágrimas nos olhos que repudio essa frase e ouso afirmar que, talvez, eu não tenha mesmo juízo, mas não me curvarei à imposição de quem quer que seja dentro daquele que foi meu partido por tantos e tantos anos. Ajudei a fundá-lo, com muito sacrifício pessoal; tive a honra de ser a sua primeira candidata ao governo de Minas Gerais em 1982. Lá se vão vinte e oito anos! Tudo era alegria, coragem, audácia para aquele amontoado de gente de todo jeito: pobres, remediados, intelectuais, trabalhadores rurais, operários, desempregados, professores, estudantes. Íamos de casa em casa tentando convencer as pessoas a se filiarem a um partido que nascia sem dono, “de baixo para cima”, dando “vez e voz” aos trabalhadores.
Nossa crença abrigava a coragem de ser inocente e proclamar nossa pureza diante da polí tica tradicional. Vendíamos estrelinhas de plástico para não receber doações empresariais. Pedíamos que todos contribuíssem espontaneamente para um partido que nascia para não devermos nada aos tubarões. Em Minas tivemos a ousadia de lançar uma mulher para candidata ao Governo e um negro, operário, como candidato ao Senado. E em Minas (antes, como talvez agora) jogava-se a partida decisiva para os rumos do País naquela época. Ali se forjava a transição pactuada, que segue sendo pacto para transição alguma.
Recordo tudo isso apenas para compartilhar as imagens que rondam minha tristeza. Não sou daqueles que pensam que, antes, éramos perfeitos. Reconheço erros e me dispus inúmeras vezes a superá-los. Isso me fez ficar no partido depois de experiências dolorosas que culminaram com a necessidade de me defender de uma absurda insinuação de falsidade ideológica, partida da língua de um aloprado que a usou, sem sucesso, como espada para me caluniar.
Pensei que ficaria no PT até meu último dia de vida. Mas não aceito fazer parte de uma farsa: participei de uma prévia para escolher um candidato petista ao governo, sem que se colocasse a hipótese de aliança com o PMDB.
Prevalece, agora, a vontade dos de cima. Trocando em miúdos, vejo que é hora de, mais uma vez, parafrasear Chico Buarque: “Eu bato o portão sem fazer alarde. Eu levo a carteira de identidade. Uma saideira, muita saudade.
E a leve impressão de que já vou tarde. ”
(Sandra Starling, em carta de despedida do PT)
# por Anônimo - 12 de junho de 2010 às 13:59
Acredito que muitos petistas se conformaram com um governo tão medíocre como o atual e, em nome de defender o governo da esquerda, acabaram compactuando com toda a lama em que se transformou esse governo.
# por Anônimo - 12 de junho de 2010 às 17:56
Ao que muito indica, permanecerão no partido, acomodar-se-ão ao que sempre estiveram dispostos a aceitar e defender: defender até o fim o mito do operário que veio direto do berço no sertão nordestino para mudar o Brasil. Tentaram fixar isso no imaginário popular e não abrirão mão de tal mistificação. Com certeza estarão juntos com a candidatura colocada ao partido e aliados, ficando difícil ocorrer algo parecido com o desfecho do grupo que saiu do PT, por obra do mensalão e formou o PSOL. Ou como a saída de Marina Silva para o PV. Mesmo que ocorra algo parecido, a campanha e os votos não irão para outro candidato senão o indicado governista.
# por Ed Carlos Ferreira - 12 de junho de 2010 às 20:02
Os que tinham que sair já sairam, o pessoal que esta ai esta mais interessado é em siglas que 99,99% da população nem imagina o que significa como: FUNCEF, PREVI, Fundação Real Grandeza e outros fundos de pensão que levam milhões para o caixa e o bolso da direção nacional.
Pergunta para aquele japa do SEBRAE (o sistema S é outra roubalheira só) se ele esta interessado no Maranhão?