Completando

Completando o post anterior, acho muito difícil encontrar as razões que levam o eleitor a votar em um candidato. Na maior parte das vezes, o voto não tem nada de racional. Em 2002, vi um "analista" afirmar que o eleitorado paulista votou no Lula, para presidente, e no Alckmin, para governador, para visava equilibrar o peso dos partidos, um, na esfera federal, outro, na esfera estadual. Portanto, o eleitor não teria desejado dar a um só partido todo o poder. Achei uma tremenda bobagem. O eleitor não estava querendo "equilibrar" o jogo entre os dois principais partidos. Votou porque teve algum tipo de identificação com um e o outro candidato. É claro que a biografa e a proposta de cada candidato influiu, mas imaginar uma racionalidade absoluta no voto é uma asneira.

É sabido que os partidos fazem inúmeras pesquisas para acertar o discurso e suas propostas. Alguns canidatos ficam sob o domínio dos seus marqueteiros. Nada fazem sem consultá-los. A eleição é uma indústria, cara e muito lucrativa. E no caso brasileiro temos eleições a cada 2 anos. O voto pode ter razões emotivas, de mera simpatia ou antipatia. O eleitor faz uma relação com a sua vida, com o forma que está vivendo, seus planos, desejos, sonhos. A biografia do candidato é muito importante. E este ponto, até agora (e é até compreensivo, pois a campanha não começou), não foi explorado por José Serra. É um dos seus pontos fortes e, do outro lado, um ponto fraco de Dilma (que tem seus pontos fortes, principalmente, como é óbvio, o apoio de Lula).

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    # por Vitor de Angelo - 11 de junho de 2010 às 09:27

    Villa,
    Também compartilho da idéia de que o voto não é racional. Mas não podemos descartar a racionalidade como um componente importante da escolha do brasileiro. Quando você diz que "o eleitor faz uma relação com a sua vida, com o forma que está vivendo, seus planos, desejos, sonhos", aí fica evidente que ele já assume uma postura racional, crítica, de avaliação do antes, agora e depois. Seu voto orienta-se em grande medida por isso. E é esta exatamente uma das dificuldades da oposição em 2010, num cenário em que tudo parece ir bem (se não em termos absolutos, pelo menos na comparação com os governos anteriores, o que tem sido aproveitado por Lula em seus discursos e fundamentou sua estratégia plebiscitária). Atribuir ao eleitor o desejo de "equilibrar" o peso dos partidos, como você lembrou, já é um exagero, de fato.
    Abraço

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    # por Daniel Laporta - 11 de junho de 2010 às 18:35

    Vai dar dó de Dilma se tentar explorar a sua "história" dentro do combate a ditadura e comparar com Serra. Se eu não me engano, Serra foi convidado a se retirar da pátria quando ainda era presidente da UNE e militante da Ação Popular. Sem querer mistificar a imagem de Serra, mas ele nem sequer optou um entrar em qualquer luta armada, optando dentro do grande guarda chuva intelectual que era o ILPES/CEPAL, os livros de economia e renegando a luta armada. Dilma ajudava planejar roubo de fuzis, metralhadoras e TNT. Porém, ambos os candidatos, serão questionados quanto a demanda pela abertura de documentos secretos que podem comprometer, inclusive, membros de seu próprio círculo interno de companheiros, como Zé Dirrrrrrceu. Ai vai ficar interessante acompanhar os debates da campanha, se esses existirem, porque tá difícil.

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    # por Anônimo - 12 de junho de 2010 às 17:41

    Uma coisa que pode ser afirmada. O curriculum da candidata governista é o curriculum que ela tem. A defendê-lo, busca adorná-lo com certo heroísmo e certo voluntarismo da juventude, valendo até mesmo a associação com fatos que ninguém sabe ao certo de sua presença e se presente, com qual nivel de participação. A defender tal aspecto, conta com a chancela da militância mais fiel e forte ajuda do presidente na forçada de barra com paralelos. A biografia de liderança mundial de peso, no caso Nelson Mandela foi protagonista em recente programa eleitoral. Não chegou-se colocar alguma foto dos dois juntos em manifestações em Soweto, mas ainda dá tempo.

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    # por Ed Carlos - 14 de junho de 2010 às 18:52

    Realmente esse papo de equilibrar o peso dos partidos é típico de "intelectuais" preconceituosos que nem sequer sabem o que é o Brasil, é conversa de gente que se gradua, faz mestrado e "doutarado" no interior e acha que conhece o Brasil.
    O tipo de pessoa que nem sequer sonha com a importância das festas juninas no Nordeste, só para dar um exemplo, de como esses "cientistas sociais" conhecem a realidade brasileira.