As regiões e os votos.

Já temos (e teremos muito mais) informações sobre a intenção de voto para a eleição presidencial em cada região do país. É evidente a divisão entre o Sul e Sudeste com as outras regições. As explicações ficam ao gosto do freguês. Todas são possíveis de algum tipo de comprovação empírica ou ideológica.

Considero o Nordeste, nesta eleição (assim como em 2006), um território lulista. Basta consultar os dados do Ministério do Desenvolvimento Social, cruzá-los com os do IBGE, ambos disponibilizados na rede, para constatarmos a importância do Bolsa Família em centenas de municípios da região. Em 2006 estive em Canudos, sertão baiano, entre o primeiro e segundo turnos da eleição presidencial. Escrevi um artigo que saiu na Folha tratando justamente desta questão.

Além da importância do Bolsa Família, a figura do Lula (migrante nordestino, etc) tem um enorme apelo político. Que é amplificado com o apoio da maioria da elite política regional. Não deve ser esquecido também, que o voto situacionista é uma característica regional. Estes quatro fatores são fortes e a oposição deve perder por larga margem na região.

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    # por SERGIO OLIVEIRA - 10 de junho de 2010 às 17:04

    Fazendo uma simulação com os percentuais da última pesquisa Ibope, segundo turno, a diferença em favor de dilma é de cerca de um pouco mais de 6 milhões de votos; a mídia publicou que 22% dos eleitores do nordeste recebem o bolsa família; segundo o TSE o eleitorado do nordeste em abril totalizava 36.091.327; calculando 22% sobre este número temos 7.940.092 eleitores. Daí que...

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    # por Rolando - 11 de junho de 2010 às 22:30

    Um texto pequeno mas que disse tudo sobre a tendência do eleitorado do Nordeste. São vários fatores e um fator principal: bolsa-família. Embora eu discorde da falta de critério e contra-partidas, ou seja, o seu cunho eleitoreiro explícito e mal disfarçado, essa contribuição em espécie faz uma diferença relevante no seio de famílias de poucos recursos. E parece-me muito melhor política do que dar simplesmente cestas básicas (que não outorga autonomia de escolha ao indivíduo, não faz circular dinheiro nesses rincões e geralmente existem conchavos com fornecedores dos produtos que compõem a cesta) .

    Quanto ao Centro-Oeste, parece-me uma incógnita. Brasília fecha com Dilma por conta da grande população no Plano Piloto vinculada ao serviço público, e a maioria da população de origem nordestina radicada nas cidades-satélites e no entorno.

    Quanto aos dois Mato Grosso e algumas regiões mais agrárias de Goiás, não me parece que haverá vitória petista. Embora não haverá grande desequilibrio entre os dois candidatos tal como ocorre maiormente no Nordeste, a favor de Dilma, e em menor proporção no Sul, a favor de Serra ou da saída do PT do governo federal.

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    # por Ed Carlos Ferreira - 14 de junho de 2010 às 20:22

    Villa, parabéns por não ser preconceituoso na sua analíse, obvio que o Bolsa Família é importante, mas o contexto é bem mais profundo.
    Basta dizer que o paupérrimo estado de Alagoas deu 39% dos votos para Alckmin (muito maior que a média de votos no Nordeste) e "elegeu" Serra em 2002, outro dia fui a um supermercado meia boca e fiquei impressionado com a quantidade de produtos a venda que a dez anos atrás somente a alta elite tinha acesso.
    Dilma citou mal e porcamente o iogurte como exemplo, mas desde a classe alta aos "flagelados nordestinos" todos se beneficiam do crescimento do país, por preconceito alguns "cientistas sociais" que só conhecem o Brasil por orelha de livro e por preconceitos da classe média tacanha criam a ilusão que o voto lulista advém apenas do bolsa família.
    Claro que a grande maioria desses produtos não fazem e não farão parte do cardápio da classe trabalhadora, mas artigos como: cervejas importadas e salmão viraram coisa corriqueira, quer goste-se ou não a política econômica adotada pelo governo contribuiu e muito para isso.