Serra, Dilma e seus vices.

Se Dilma já fechou o seu parceiro de chapa (Michel Temer), Serra ainda não definiu (tem ainda tempo). Que o PMDB ocuparia a vice, isto já estava definido faz um bom tempo. Que Temer não era o candidato dos sonhos de Lula, todo mundo sabia. Preferia Henrique Meirelles ou qualquer outro, menos Temer. Deve ter lá suas razões.

Temer tem pouca expressão política em SP. Em 2006 o PMDB elegeu somente 4 deputados federais em SP. Temer foi o último colocado. Mas foi o candidato oferecido pela cúpula do PMDB. Era Temer ou nada. E nada significa perder minutos preciosos na TV. Todo mundo sabe que o PMDB vai rachar na eleição. Os caciques regionais não estão nem aí com a aliança nacional. Estarão com ela se estiver liderando as pesquisas. Caso contrário, abandonarão o barco sem nenhum constrangimento.

Já Serra está em um dilema. Chapa puro-sangue parece estar descartada. O balão de ensaio lançado pelo PPS de colocar Itamar Franco como vice, ninguém levou à sério. Nos últimos dias tem se falado em Francisco Dornelles que, supostamente, agradaria o eleitorado mineiro. Claro que é uma bobagem. Dornelles sempre fez política no Rio. Uma aliança cedendo a vice para o PP pode pegar muito mal junto ao eleitorado mais politizado. PP, em SP, é Maluf. Logo vão espalhar cartazes e vídeos com Serra ao lado de Maluf. O argumento é o tempo na TV (que se aplica também para um acordo com o PTB, que tem como presidente nacional Roberto Jefferson, pivô do escândalo do mensalão). Pode ser que o eleitorado serrista engula (sempre por causa do tempo na TV) uma aliança com o PP e PTB, contudo ceder a vice, aí já é demais.

Serra poderia inovar. Indicar alguém que não fosse "figurinha carimbada." Alguma pessoa de reconhecido talento, conhecido e respeitado pelos seus pares. Vice não tem função. No Brasil temos esta coisa ridícula do vice substituir o presidente nas viagens internacionais. Com um mundo tão interligado como o nosso, isto é anacronismo puro. Mas um vice "de novo tipo" poderia sinalizar que um governo Serra seria de mudança, afastado da velha política, que cheira mofo. Mas, como a lei brasileira exige filiação a partido político, o vice teria de ter este vínculo.

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    # por Marco Aurélio S. Ribeiro - 25 de abril de 2010 às 20:14

    Villa, sei que é complicado fazer previsões. Mas, em sua opinião, quais as diferenças entre um Governo Dilma, Serra, Marina, Ciro e, por que não, Plínio?

    Dá pra fazer uma leitura disso hoje, com as informações que temos?