Ciro: o homem do dia
Por volta do meio-dia, o assunto era Ciro Gomes e a entrevista que saiu no portal IG (que ele, à noite, no Jornal do SBT, disse que não deu, mas repetiu quase que literalmente as mesmas idéias com as mesmas palavras. Coisas de Ciro.......)
As duas entrevistas foram de adeus. O PSB fez o jogo exigido por Lula. O partido foi colocado contra a parede. Perderia o apoio do PT nos estados onde imagina que tenha chances reais de vencer as eleições para governador. Além das dezenas de cargos que ocupa no governo. Ultimamente o partido tem uma sedução especial pelos portos, como o de Santos.
Ciro perdeu feio. Tomou um passa-moleque histórico de Lula.
Vamos aos fatos:
1. transferiu o título para São Paulo simplesmente para cumprir uma determinação de Lula (no Jornal do SBT disse que em momento algum pensou em sair candidato ao governo de SP) esperando receber alguma compensação quando saísse candidato à Presidência. Doce ilusão. Lula o tratou como uma laranja: usou e depois jogou fora;
2. transferindo o título para SP acabou caindo numa sinuca de bico, ficou sem plano B. Se ainda tivesse domicílio eleitoral no CE poderia sair candidato a deputado federal ou até ao Senado. Vindo para SP só tinha uma carta: ou a Presidência ou nada. Não tinha alternativa, não pode nem blefar.
3. resolvendo o "problema Ciro" neste momento, Lula evita que o desgaste, que vai ocorrer, se reflita mais lá na frente, quando a campanha "pegar no breu". Mais alguns dias e ninguém mais falará de Ciro, a não ser a imprensa cearense, pois ele vai defender os interesses da família Ferreira Gomes apoiando a releição de Cid, de outro irmão para deputado estadual (Ivo) e da ex-mulher (Patricia Saboya) para deputado federal.
4. Ciro diz que é "novo", tem 52 anos e em 2014 terá 56. Bem, isto é óbvio. No Brasil virou moda dizer que o político "é novo". O problema não é ser novo ou velho. A questão é que ninguém sabe como estará desenhada a conjuntura política em 2014 e se ele ainda terá presença expressiva na cena nacional. É o velho ditado já citado aqui: política é momento.
5. nas duas entrevistas não sabemos o que ele pensa do Brasil. Sabemos, falou no SBT, que "ama o Brasil", o que Dilma já disse. Estranho o candidato a presidente que dissesse o contrário.
6. sem Ciro Gomes a eleição perderá parte da graça. Hoje, quando para os seus padrões, estava calmo, mandou Zé Dirceu "pastar" e por aí foi indo. Teremos muito menos emoção, com a mais absoluta certeza. Uma entrevista com Ciro sempre é interessante, não é aquela coisa modorrenta, como foi a Dilma, ontem, no programa do Datena.
7. deixando Ciro de lado (e Lula jogou pesado ameaçando o PSB e o próprio Cid), ficou claro que para o governo a eleição será plebiscitária. Lula tem certeza que vai transferir seus votos para Dilma. Deve considerar que é só uma de questão de tempo. Ciro discorda: considera Dilma uma candidata fadada à derrota.
# por Nivalda Campos - 24 de abril de 2010 às 11:35
Ciro Gomes, eleito deputado federal em 2006 pelo PSB (Ceará), vociferou em debate na Assembléia de Minas sobre a questão da Transposição das Águas do Rio São Francisco, em 26 de abril de 2007, dizendo que: “não sou representante de ninguém, só de mim mesmo!” Talvez esteja chegando a hora...