A questão do vice.
O antropólogo Julio Palmieri tocou na questão do candidato a vice. De 1989 para cá, o vice teve pouca importância política e eleitoral, diversamente do que hoje se diz. Fernando Collor escolheu Itamar Franco, à época um senador em fim de mandato e que tinha perdido a eleição para o governo de MG, em 1986, para Newton Cardoso. Dizer que Itamar era importante para a vitória de Collor é um tremendo exagero. Itamar foi um candidato que pouco apareceu na campanha. Ficou tão escondido, que quase virou uma espécie de anti-candidato à vice na chapa de Collor.
Marco Maciel foi o vice de FHC em 94 (e 98). Considerar que ele foi importante para a vitória do PSDB também é um exagero. A vitória no NE (Maciel é de PE) deve ser tributada ao Plano Real (assim como em todo o país) e a eficaz estratégia de campanha.
Em 2002, Lula, que já tinha tido como vice Bisol (89), Mercadante (94) e Brizola (98), encontrou no senador José Alencar (eleito em 98), o seu parceiro de chapa. Muitos falaram (e falam até hoje) que a entrada de Alencar sinalizava para o empresariado a mudança do PT. Não dá para aceitar esta explicação. Alencar tinha expressão empresarial em MG. Em SP era quase que um desconhecido. No Senado não se destacou como um defensor do empresariado. Eleitoralmente pouco somou. Foi tão pouco importante que em 2006 Lula fez de tudo - hoje poucos lembram disso - para arranjar outro vice. Como procurou, procurou e nada encontrou, acabou aceitando novamente Alencar na sua chapa.
Digo tudo isso porque acho que o quadro é o mesmo em 2010. Tem razão aqueles que dizem que ninguém vota em vice. Achar que Serra ou Dilma vão ser mais votados por causa do vice é uma bobagem. Vice só é importante devido ao tempo de televisão (é uma espécie de dote) que pode trazer para o candidato presidencial.
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