A política de alianças (I)
Uma explicação rotineira no debate político brasileiro é de que para governar é necessário construir uma base política ampla, se possível com quorum constitucional. É o chamado presidencialismo de coalizão. Eu discordo radicalmente desta tese. Quanto mais ampla é a aliança, mais o governo tem de atender as demandas da sua base, descaracterizando o programa aprovado por milhões de eleitores, desmoralizando a administração pública e abrindo caminho para a corrupção.
Isto pode mudar se o presidente eleito em outubro propuser uma coalização com base programática. Não é uma ilusão. É necessário dar um basta ao saque organizado do Estado. O presidente pode inovar: apresentar aos brasileiros e aos partidos com representação no Congresso a sua proposta de programa de governo. Desta forma, a aliança que deve sustentar o governo vai ser negociada às claras. Poderemos romper com o "é dando que se recebe". Sabemos que os congressistas fisiológicos não "tem peito" para publicamente enfrentar o presidente eleito por (é um mero chute numérico) 50 milhões de votos.
Isto não é bonapartismo ou algo do gênero. Nada disso. É romper com o passado (que, por sinal, não tem nada de "ibérico", como é recorrente em outro tipo de análise e que também não explicada nada). Nas grandes democracias ocidentais as alianças são programáticas. É óbvio que aos partidos que apoiam o governo sejam destinados ministérios. Isto é absolutamente democrático pois é realizado às claras e com base numa proposta de governo.
# por Cristiano Rodrigues - 29 de abril de 2010 às 01:20
Villa, como sempe respeito sua opinião, acho vc junto com o Jorge Caldeira a fina flor do pensamento brasileiro. Respeito o Manolo Florentino também. No entanto, nesse quesito acho que em parte vc tem razão, em parte acho que é um sonho acreditar que sem coalizão consegue-se governar o país. Isso seria possível se tivéssemos o voto distrital e uma reforma política ampla. Se de fato os fisiológicos não tem peito para enfrentar o presidente eleito no início do mandato, com certeza eventos estranhos como gravaçõe anônimas de eventuais maracutaias em uma estatal aparecerão e farão com que o preço a ser pago pelo apoio no congresso será de alguma forma elevado. O que de fato deve ser feito é "comprar" esse apoio e fazer uma reforma política de imediato, ai sim teremos uma solução concreta para que deixemos esse toma lá dá cá da política nacional. São diferenças sútis, mas diferenças.