Os novos pelegos e a eleição
O peleguismo sindical tem longa história nas eleições. Entre os anos 1945-1964 estiveram ligados aos candidatos do PTB, criado por Getúlio Vargas (em SP, que foi uma exceção nestes anos, houve forte associação entre os sindicalistas e o janismo). Entre 1965-1979 dividiram-se entre ARENA (a maioria) e MDB. Com a reforma partidária foram para o PDT, PTB e PMDB. O PT propalava que seus dirigentes sindicais eram "autênticos" e que não trocavam seu apoio por votos (parte destes dirigentes, inclusive, tinham desprezo pela política).
CUT e Força Sindical se engalfinharam durante 20 anos. Em 2003 começou a aproximação, que foi tão rápida, que hoje não se distinguem mais. É como se as duas centrais fossem uma só.
Das 6 centrais, todas receberam (CUT e Força muito mais) generosos recursos do FAT e do imposto sindical. A burocracia sindical está consolidada. Tem poder financeiro mas enorme dificuldade de mobilização (em Brasília uma das centrais aluga manifestantes a preços módicos). Na verdade, ocorreu uma relação inversa: quanto mais fortes financeiramente, menor a capacidade de mobilização. O Ministério do Trabalho foi entregue ao PDT (que tem fortes relações com a Força) e a CUT recebeu dezenas de cargos (como as presidências do SEBRAE - Paulo Okamoto - e Sesi - Jair Meneghelli). Às outras centrais foram concedidos cargos de menor importância. Todas estão satisfeitíssimas pois os recursos federais não tem qualquer forma de controle. Quando foi dito que o TCU teria de auditar os gastos, Lula foi o primeiro a ser contrário, argumentando que as entidades são "independentes" do Estado.
Além dos sindicatos, o governo cooptou os "movimentos sociais". Alguns, como o MST (que será analisado em um post exclusivo), funcionam como se fossem partidos políticos. Deve ser agregado as ONGs (centenas e com recursos concedidos pelo Estado e sem qualquer controle).
Estes "novos pelegos" vão agir como tropa de choque na eleição. Não vão querer perder a "boquinha". Vão fazer ameaças. É o sindicalismo de ladrões. Usarão a estutura das centrais e dos sindicatos para fazerem a propaganda da candidata oficial. Com o aumento da tensão na campanha agirão como tropa de choque. O MR-8 (que teve Franklin Martins como seu dirigente) é especialista nisso. Em SP, durante anos e anos, foram aliados de Joaquinzão, célebre presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Agrediam a oposição, ameaçavam com correntes, contratavam halterofilistas (da Academia Roldan, na esquina da Ipiranga com a São João). Era a forma que usavam para ganhar as eleições e as votações nas assembléias. Não é exagero especular que poderemos ter algo parecido quando a campanha esquentar, após a Copa do Mundo.
# por Vitor de Angelo - 26 de abril de 2010 às 09:41
Villa,
Uma sugestão para futuro post: as biografias dos dois principais candidatos e seus respectivos usos na campanha. Talvez seja a primeira vez desde 1989 que a comparação de trajetórias de vida/política tenha ganhado tanta importância e espaço.
# por Cristiano Rodrigues - 29 de abril de 2010 às 00:56
Villa, adoraríamos que vc nos posts mais conceituais indicasse livros seminais para lermos e aprofundarmos nos temas caso tenhamos interesse.