Na terra dos democratas
No dia 4 de abril estarei em São Luís, Maranhão. Fui convidado e aceitei com prazer (e orgulho) participar do lançamento do Instituto Jackson Lago. O Maranhão é um estado onde a luta democrática é travada todo santo dia. O Brasil fecha os olhos para o que acontece lá.
Segue abaixo um artigo escrito por Jhonatan Alamada que trata do Instituto Jackson Lago:
INSTITUTO
JACKSON LAGO: ABRINDO CAMINHOS
Estamos
no Maranhão. Vivemos aqui. Quais são as necessidades fundamentais
do nosso tempo? Podemos melhorar a pergunta: quais são os desafios
fundamentais do nosso tempo?
Vejo que um primeiro desafio é desenvolver a democracia entre nós. Indispensável que os avanços democráticos cheguem concretamente ao Maranhão. Que de fato nossa cultura política se afaste cada vez mais dos elementos patrimonialistas e fisiológicos tão fortes. O respeito às decisões tomadas nas consultas populares e nos Conselhos de Políticas Públicas é elemento crucial.
Vejo que um primeiro desafio é desenvolver a democracia entre nós. Indispensável que os avanços democráticos cheguem concretamente ao Maranhão. Que de fato nossa cultura política se afaste cada vez mais dos elementos patrimonialistas e fisiológicos tão fortes. O respeito às decisões tomadas nas consultas populares e nos Conselhos de Políticas Públicas é elemento crucial.
Um
segundo, fundamental, ligado ao primeiro, é atingirmos a alternância
do poder político. Enquanto não compreendermos que uma das
problemáticas que nos cinge e nos emperra é a dominância de um
mesmo grupo político por décadas seguidas, se reproduzindo à custa
da exclusão permanente de milhões de maranhenses, dificilmente
poderemos mudar. De fato, se a população não compreender que o
projeto liderado por esse grupo jamais responderá as questões do
nosso tempo, por que implicaria em revelar o vazio do próprio
projeto, apenas simulacros de projetos pessoais de poder, a mudança
demorará.
Um
terceiro é mudarmos profundamente as instituições e estruturas do
Estado no Maranhão. Enquanto prevalecer a lógica do espontaneísmo,
do engessamento, do burocratismo, do exército de terceirizados e
comissionados, nunca teremos uma concretude estatal que sirva ao bem
comum. A refundação do Estado é bandeira primicial.
A
consolidação de um projeto estadual de desenvolvimento originado em
amplo consenso e efetiva articulação da sociedade é um quarto
desafio. Mais ainda do que apresentar tal projeto, imprescindível é
a sua execução. O Maranhão já experimentou dezenas de projetos
inconsistentes sob a égide da oligarquia, nenhum o desenvolveu,
apenas aumentou o patrimônio dos donos do poder e usurpou o sonho de
uma vida próspera e digna de muitas gerações. É importante
conjugar o fazer imediato com o erigir para as novas gerações,
antecipar-se aos problemas, não resolvê-los no afogadilho. A
expansão da economia dos municípios, a dinamização dessa
economia, a prevalência do local, dos projetos locais é que darão
o ritmo, sem perder a visão do todo.
Não é
coincidência que esses elementos foram basilares no Governo Jackson
Lago (2007-2009) e constituem elementos do amplo programa de estudos,
pesquisas e debates a serem desenvolvidos pelo Instituto Jackson Lago
no seu primeiro quadriênio de existência (2012-2016), forjando-se
como guardião da memória da vida pública de Jackson Lago, bem
como, espaço público concreto, real e efetivo para se repensar o
Maranhão.
Como
lembra Antonio Candido, “o grande homem é aquele que descobre
quais são as necessidades fundamentais de seu tempo e consagra a
elas a sua vida". Jackson Lago foi o único político que
levantou essas bandeiras na história recente. Também foi o único
que teve persistente coerência e obstinação para fazê-lo.
Derrubado pelos acertos, não pelos possíveis equívocos, a missão
que se propôs foi transformadora da realidade, não solitária, mas
tecida de ações, sonhos e povo. Haveremos de honrá-la.
Jhonatan
Almada, historiador, primeiro secretário do Instituto Jackson Lago
# por Elizeu Filho - 21 de março de 2012 às 15:02
Professor gostaria que o senhor comentasse sobre o movimento para modificação do cálculo do rendimento da poupança, que conta inclusive com apoio do economista Delfin Neto.
# por Anônimo - 22 de março de 2012 às 21:22
Professor, vá com tudo e nos traga notícias de lá. Eu não fazia a menor idéia disso que você disse: que lá se trava uma luta democrática constante. Ao contrário, a idéia que faço é de um povo subjugado aos desmandos da família Sarney - incluindo esse episódio triste da deposição do governador Jackson Lago. Nunca fui ao Maranhão por ter a impressão de que tudo por lá é uma porcaria. Então, sucesso ao Instituto Jackson Lago. E que ele consiga mesmo abrir caminhos para a democracia.
Fernanda