A desindustrialização

Já escrevi e falei que o governo estruturou um modelo econômico neo-colonial com base nas exportações de produtos primários (e que tem diversos agravantes). Esta matéria da Folha de S. Paulo reforça a minha tese:


Participação da indústria no PIB recua aos anos JK
Fatia caiu para 14,6%, pouco acima do nível observado em 1956, primeiro ano do governo Juscelino Kubitschek
Ministério aponta "desintegração de elos da cadeia industrial" e diz que câmbio mina medidas de apoio
AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
A participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro recuou aos níveis de 1956, ano em que o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) deu impulso à industrialização do país ao lançar seu Plano de Metas, que prometia fazer o Brasil avançar "50 anos em 5".
Desde então, jamais a fatia da indústria manufatureira do país na formação do PIB havia alcançado nível tão baixo quanto o apurado em 2011.
No ano passado, a indústria de transformação -que compreende a longa cadeia industrial que transforma matéria-prima em bens de consumo ou em itens usados por outras indústrias- representou apenas 14,6% do PIB.
Patamar menor só em 1956, quando a indústria respondeu por 13,8% do PIB. De lá para cá, a indústria se diversificou, mas seu peso relativo diminuiu. O auge da contribuição da indústria para a geração de riquezas no país ocorreu em 1985: 27,2% do PIB. Desde então, tem caído.
"Temos energia cara, spreads bancários dos maiores do mundo, câmbio valorizado, custo tributário enorme e uma importação maciça. A queda da indústria no PIB é a prova do processo de desindustrialização", afirmou Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, aponta dois fatores que explicam o declínio da indústria na formação do PIB: o avanço dos serviços e da agricultura; e o crescimento das importações.
"A importação pode modernizar o país, mas dependendo do que se importa prejudica a indústria. E esse setor é importante por ofertar boa parte dos empregos mais qualificados", disse.
ALERTA
O governo diz que tem monitorado o comportamento da indústria, e reconhece que há um processo de "desintegração de alguns elos" da cadeia industrial, mas evita falar em desindustrialização.
Heloísa Menezes, secretária do Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, acha que o Programa Brasil Maior, -lançado pelo governo Dilma no ano passado para socorrer alguns setores da indústria- pode ajudar as empresas a enfrentar a valorização do real em relação ao dólar, que favorece os importados.
"A atual taxa de câmbio, de fato, atua no sentido contrário ao nosso esforço de dar condições de competição à indústria", disse.
Samuel Pessoa, sócio da consultoria Tendências e pesquisador da FGV, avalia que a situação da indústria piorou a partir de 2008, fundamentalmente devido à crise internacional -que expandiu a oferta de produtos manufaturados para o Brasil- e a boa demanda internacional de produtos primários vendidos pelo Brasil. "A taxa de câmbio só está refletindo essa situação", afirmou.
Para a Abece (Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior), é um erro imputar às importações a queda da indústria no PIB. "A importação brasileira é saudável. A perda de participação da indústria no PIB ocorre pela falta de competitividade do setor, não por causa da importação", disse o presidente, Ivan Ramalho.

  1. gravatar

    # por Anônimo - 9 de março de 2012 às 09:16

    É o estado de terceiro mundo puxando a industria de segundo mundo para seu patamar.

  2. gravatar

    # por Anônimo - 9 de março de 2012 às 17:25

    Boa! Os petistas e os outros comunas - e outras deformações, como neoperonistas, que não são de esquerda nem de direita, muito pelo contrario - da América Latina falam em imperialismo, colonialismo, e eles que são os neocolonialistas!, vendendo-nos barato para a China.

  3. gravatar

    # por Anônimo - 9 de março de 2012 às 20:42

    Como disse Miriam Leitão: falta projeto.

    http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2012/03/08/falta-projeto-435092.asp

  4. gravatar

    # por http://daniboyvgp.blogspot.com/ - 9 de março de 2012 às 23:12

    O Brasil precisa parar de enviar as matérias primas ao exterior e depois importar o produto acabado com um preço menor do que o produzido aqui. Causando um retrocesso econômico e extinção de milhares de empregos. Solucionar o problema demora tempo e vontade de adaptação da classe política e industrial aos novos tempos.

  5. gravatar

    # por Anônimo - 10 de março de 2012 às 09:00

    O problema da desindustrializacao não é um problema brasileiro, varios paises emergentes estão com o mesmo problema, a taxa de cambio, a falta de competividade devido a custo tributário, energia cara, banco caro, são parte do problema, no fundo se trata de falta de estratégia e despreparo para lidar com a globalização, o gozado é que os que criticam a desindustrialização hoje são os mesmos que aplaudiam o liberalismo como a oitava maravilha do mundo pouco tempo atras, acredito que o estado tem que intervir afim de criar mecasnismos voltados para o interesse nacional e revertam tais quadros e ainda acredito que Dilma por possui um perfil tecnico e deselvolvimentista estaja antenada com os fatos e tome dianteira sobre estas questões senão as consequencias seram um desastre a médio prazo, torço para o Brasil

  6. gravatar

    # por J.A.MELLOW - 12 de março de 2012 às 08:33

    CARO MARCO VILLA, SEGUNDO ESSES DADOS NÃO É ERRADO SE DIZER QUE CASO O PIB RECUE EM 5% E CONSIDERANDO-SE QUE TENHAM SIDO MANTIDOS NO MESMO NIVEL AS EXPORTAÇÃOES DE PRODUTOS PRIMÁRIOS, QUE O RECUO NA REALIDADE ESTARIA EM 34,2% EM RELAÇÃO AO PIB INDUSTRIAL QUE É O QUE REALMENTE INTERESSA.
    VALE DIZER TAMBÉM QUE ISTO SIGNIFICARIA UMA QUEBRA TOTAL DA NOSSA ECONOMIA CASO NÃO ESTIVESSEMOS DEPREDANDO AS NOSSA RIQUEZAS NATURAIS.
    SE CORRESSEMOS O BICHO PEGARIA, MAS COMO NÃO CORREMOS O BICHO NÃO COME POR ALGUÉM ENTRA PARA APARTAR A BRIGA, E QUE NÃO SERIA MÉRITO DE NINGUÉM A NÃO SER DE EMPRESARIOS QUE SE "ARRISCAM" EM NEGÓCIOS NO BRASIL.