Mensalão no jornal português
O Mensalão (a denominação será usada até quando os advogados do PT permitirem) no "Diário de Notícias" de Portugal:

Fotografia © Reuters/Ueslei Marcelino
Um facto estourou como bomba na política brasileira. O homem que denunciou o "mensalão" - pagamentos a políticos para votarem com o Governo de Lula da Silva, em 2005 - o ex-deputado Roberto Jefferson, afirmou, através de advogados, que no julgamento desse processo, que começará no dia 2, em Brasília, irá acusar o ex-presidente Lula de não só ter conhecimento dessa prática ilícita, como de dar ordens em relação ao esquema de suborno.
Em 2005, quando Jefferson denunciou o "mensalão", ele disse que Lula desconhecia o facto e que o então presidente chorou ao ser por ele informado. Um governador de oposição, Marcone Pirilo, no entanto, havia dito publicamente, meses antes, que avisara Lula da Silva sobre a prática. A partir do dia 2, o país vai parar, para acompanhar o julgamento de 38 acusados, entre os quais ex-ministros do governo de Lula e ex-presidentes do Partido dos Trabalhadores (PT).
O advogado do acusado Roberto Jefferson, Luiz Francisco Barbosa, disse ao explicar porque Lula será acusado: "Não é possível acusar os empregados e deixar o patrão de fora." Nunca se provou a culpa do ex-presidente.
O "mensalão" beneficiava o Governo de Lula, mas o presidente conseguiu sair ileso do escândalo. O seu principal ministro, José Dirceu, perdeu os seus direitos políticos por oito anos; mas, com extraordinária habilidade, um ano depois, Lula da Silva conseguiu se reeleger - o que praticamente representou o perdão do povo ao governo.
Mas a justiça no Brasil é lenta e o julgamento do "mensalão" vai revolucionar o país, com transmissão directa pelas televisões e muita participação popular. Uma central sindical ligada a Lula, a CUT, anunciou que iria às ruas protestar contra o julgamento, mas os aliados do ex-presidente concluíram que não seria ético ter manifestação contra a apuração de acto ilícito. Também a União Nacional dos Estudantes (UNE), que apoia Lula e Dilma, está em dúvida sobre se irá às ruas se opor ao julgamento.
Segundo o historiador Marco Antonio Villa, a corrupção envolve todas as áreas do governo e, diante disso, os olhos dos cidadãos se voltam para este julgamento num acto de desespero e impotência: "Vivemos um dos momentos mais difíceis da história. Daí, a enorme responsabilidade no julgamento do mensalão." De acordo com Villa, a oposição fraquejou, em 2005, ao não agir para afastar Lula da Silva da presidência.
O Supremo Tribunal Federal nunca puniu um político de alto nível e, deste vez, será testado. A corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon, disse que estará em julgamento o próprio Supremo, pois a sociedade quer saber se ele tem realmente o poder de punir os políticos. Há alguns meses, um dos ministros do Supremo, Gilmar Mendes, acusou Lula da Silva de o ter pressionado a adiar o julgamento.
Lula da Silva e sua aliada Dilma Rousseff nomearam a maioria dos 11 ministros do Supremo, mas acredita-se que, uma vez elevados a essa condição, os ministros da maior corte do país deixam de prestar obediência cega a quem os nomeou e julgam sob critérios elevados. Pelo menos um dos ministros do Supremo está a ser criticado: é Dias Toffoli, que à época do "mensalão" atuava em defesa do governo. O senador Pedro Simon declarou que Toffoli, por questão ética, terá de se declarar impedido de julgar o "mensalão", por amizade directa e trabalhos feitos para o governo.
O certo é que o caso é considerado o mais importante julgamento da história do Supremo Tribunal Federal e vai mobilizar apoios e ódios nas próximas semanas. E seu desfecho poderá ajudar ou prejudicar o desempenho dos aliados do Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula da Silva e Dilma Rousseff nas eleições municipais de outubro.
# por Fernanda - 4 de agosto de 2012 às 16:51
Villa, viu a reportagem no The Economist, Jul 28th 2012? Lá está escrito mensalão (traduzido como big monthly stipend). O jornalista tem que ser avisado que não pode. Ainda bem (ufa) que o jornalista da reportagem de Portugal sabe que não vai poder, já que é do RJ. Ação penal 470 (??).
http://www.economist.com/node/21559640
Corruption in Brazil
Justice delayed
The politicians accused of involvement in a vast vote-buying scheme, along with their associates, will face trial at last