Dom Sebastião voltou (um retrato de Lula).

Publiquei hoje n'O Estadão:


Dom Sebastião voltou

16 de junho de 2012 | 3h 05

Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.
Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.
No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.
Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.
Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.
Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.
Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".
Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.
Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.
Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.
Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".
Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.
E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?  
 MARCO ANTONIO VILLA, HISTORIADOR,  É PROFESSOR DA , UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)


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    # por Luís - 16 de junho de 2012 às 11:38

    Se o Roberto Campos soubesse o que virou BNDS pularia da cova e morreria de novo.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 11:44

    Vinha lendo e no quinto parágrafo pensei justamente em MACUNAIMA que V. se referiu no décimo, é isso mesmo, o herói sem caráter!
    blogdojamellow.blogspot.com

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 14:44

    Não, não é. Porque está nu, e gente nua causa asco e um certo contrangimento. Voce fala de um Lula do passado. Este, presente nos contrange. E constrange ao partido tambem. Muita gente boa deixou o PT, outros foram expulsos, sempre gente maior que a cambada que ficou. Mas o Brasil sempre para para pensar. Agora que ele veio das sombras no seu governo paralelo só tem feito asneiras. Dignas de um analfaneto funcional. E isso está sendo notado. É claro, que meliantes notórios estarão sempre com ele, como o Cabral aqui do Rio. Mas nós do Rio vamos ensinar o caminho de volta ao Cabral. Será histórico. Villa, adoro os seus comentários, mas nunca substime o brasileiro. Macunaíma é o nosso herói, por DNA não por gosto. Queriamos Robin Hood. Ficamos com esta excrecência. Mas já compreendemos. A unica coisa que nos resta é o teatro é Brecht. Não precisamos de heróis. Fora com eles.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 15:09

    Professor,
    como diria Riobaldo: "o esconjurado tem a espinhela torta; só caminha pelo desvio do alheio..."

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 17:03

    Se fala de Lula como se dele viesse toda maldade. Se esquecem ou, propositalmente, deixa de lado toda administracao torta de um pais que ainda tem muito que aprender. Entao, normal que nesse aprendizado sejamos "surpreendidos" por esse tipo de redacao.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 17:43

    Aguardar coerencia, patriotismo, honestidade, democracia deste Sr. Lula, e a mesma coisa que abrir o Galinheiro colocar um Lobo dentro e esperar ele nao comer as galinhas, suasbravatas sao dignas de Ditadores Crueis que passaram pelas Republiquetas espalhadas pelo mundo. Parabens otimo Artigo

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    # por Zinha - 16 de junho de 2012 às 17:59

    Parabéns,prof.Marco Villa!
    Nunca tinha visto um retrato tão perfeito da triste figura...
    Agora só falta alguém nos ensinar como fazer esse "Reizinho" apear do trono!
    Só nos falta alguém mostrar o caminho! rsrs
    Juro que farei todo empenho para ajudar limpar nosso amado país!
    Ps-Estou convidando todos os amigos para visitarem o seu Blog e ler este delicioso retrato de Dom Sebastião! rsrs

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 19:18

    Villa vivemos na banania.... mas mais banana ainda não seria a "oposição"? Chega a dar vergonha, torço muito para que esses déspotas se deem mal, mas parece que a oposição não tem ânimo pra nada....são de fato uns bananas. Veja por exemplo as universidades federais em greve há tanto tempo e não se ouve uma única voz da oposição. Imagine se fosse o contrário, se o país fosse governado por tucanos.... teria um monte de
    de putados e senadores petistas botando a boca no trombone. São da pior espécie de gente, mas devemos reconhecer que tem um grande mérito: sabem ser oposição e fazer barulho quando lhes convem.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 20:44

    Por Luiz Felipe. Lula não é apenas mais uma página da belíssima "estória" do Brasil, riquíssima em truculência, golpes, sofismas, bravatas, "salvadores da pátria", estelionatos eleitorais, perda de tempo e tempo perdido. Quanto a heróis macunaímicos, o Brasil é a praia de delles. Portanto, Lula não é o primeiro e nem será o último. Contudo, subestimar Lula é um grande erro, especialmente quando ele ataca os tucanos e os deixa possessos (que mal eu pergunte, porquê mesmo o tucano do PSDB é azul, se o original é preto ?). Quando Lula grita que não permitirá que um tucano (e não oposição) volte à presidência em 2014, o faz como tática de campanha, que consiste em irritar a tucanada ( como se irrita a traíra que morde a isca e engole o anzol de brava), com a intenção de não deixá-los fugir da rinha, para outra alternativa nova ocupe o lugar dos mesmos, posto que, assim, mantendo-os na rinha, tem por garantida a quarta vitória acachapante consecutiva sobre os mesmos, que já viraram saco de pancadas ou fregueses de caderneta dos ptmdbistas, por razões óbvias e ululantes. Assim agindo, Lula impede a entrada em cena do Projeto Novo e Alternativo de Nação e de política-partidária-eleitoral, como propõe o HoMeM do Mapa da Mina, com o PNBC e a Meritocracia Eleitoral, que representam o fim do império Lula, a travessia e virada de página da história. O HMM-PNBC-ME para o Lula é o fogo, ao passo que o PSDEMB-agregados é a água. E daí São Pedro pergunta ao Lula em que arena Ele prefere jogar: na água ou no fogo? E Lula então, muito esperto, mente a São Pedro que deseja o fogo para ser jogado na água onde estão os tucanos e onde Ele, Lula, é o dono da praia e nada de braçada.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 21:20

    Ganhei o meu sábado logo cedo após ler o seu Dom Sebastião!Valeu e muito e já passei adiante.
    Você escreveu tudo e muito mais, meus parabéns

    abraço

    marcia mai

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    # por Brasilsempre - 16 de junho de 2012 às 21:55

    Triste verdade, triste Brasil. Porém, e há sempre um porém na História, os bárbaros, neste caso, os europeus, estão batendo às portas. Não é por escolha; é por não terem para onde ir. Daí, o Brasil muda sua História.

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    # por Anônimo - 16 de junho de 2012 às 22:39

    Sempre me perguntava porque os ditos intelectuais de esquerda brasileiros adoravam líderes autoritários (Fidel, Mao, etc.). Teu artigo esclarece que eles adoram mesmo é o Dom Sebastião. Pobre intelectualidade brasileira... Com esses intelectuais, aliás, que dominam a Universidade brasileira, fica fácil entender o quadro que vivemos...

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    # por Anônimo - 17 de junho de 2012 às 05:42

    Villa considera que não temos cultura democrática porque os resultados do jogo político não têm sido os que ele deseja. Para alguns como Villa, democracia só existe quando produz a vitória sua ou dos seus. Quando o oposto ocorre, dado o "evidente" demérito dos adversários, é porque a democracia é uma farsa. É uma espécie de lacerdismo redivivo. Só consegue argumentar mediante a desqualificação qua personae dos seus adversários, como outros publicistas dessa "nova direita" (embora, no caso dele, de uma que não se assume - daí as referências aos comunistas no texto). É por isso que precisa dizer que, apesar de ser tão absolutamente inepto [sic], Lula foi tão longe. Para esse caricaturista dos fatos, Villa, foi por erro dos outros: o povo, os intelectuais e os militantes de esquerda, todos ignorantes democraticamente, a oposição, fraca (mas, seria melhor que Lula e seus aliados?). Enfim, o texto só pode ser entendido como o que é, uma caricatura. Villa sempre faz isso, constrói um homem de palha para malhar.

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    # por Lucas - 17 de junho de 2012 às 08:36

    Prezado carioca anônimo das 11:44, gostaria muito de acreditar quando falas que os cariocas vão mostrar o caminho de volta para cabral.
    Que tal começar com a próxima eleição para prefeito, com o tal de Paes?
    Desculpe meu caro, mas com todo respeito, o Rio de Janeiro continuará por muito tempo sendo apenas o lançador de modas populares.
    Ou seja, a BOATE do Brasil!

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    # por Mara Montezuma Assaf - 17 de junho de 2012 às 09:24

    Uma pena que não me sinta suficientemente isenta para falar de Lula, a quem abomino, detesto e tenho asco desde o início de sua carreira de "alpinista", desde quando , nos anos setenta, ele exerceu fascínio (como pode?) sobre os intelectuais e parte da Igreja Católica.Por isso duvido das mentes e do caráter destes intelectualóides e tb da dos frades da Teologia da Libertação. Pois que mais do que fascinados por Lula, entre eles houve verdadeira comunhão de idéias e propósitos. ECA!

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    # por Anônimo - 17 de junho de 2012 às 14:26

    Excelente artigo, parabéns ! O que seria de nós se não tivéssemos pessoas como você, Augusto Nunes, Noblat, e outros tantos que expressam com clareza aquilo que gostaríamos de falar. Sugiro aos leitores de sua coluna que procurem no Google o discurso que o senador Jefferson Perez fez em 2006. Vale a pena, eu mesma escuto de vez em quando.

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    # por Anônimo - 17 de junho de 2012 às 19:03

    Para relembrar 2006:

    http://www.youtube.com/watch?v=QhSeR-amXlQ

    E nada muda...

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    # por Fernanda - 17 de junho de 2012 às 20:11

    Professor, quantas maraVILLAs você tem feito. Digo o mesmo que alguém aí em cima: ainda bem que temos por aqui gente como você(s).

    Esse aí, o Lula, é o D. Sebastião dos Pobres. Vagabundo pra caramba, não é como aquele, Rei de Portugal. Nem isso nós temos, professor. Pelo menos aquele lutou na batalha contra a Espanha e morreu, esse aqui só luta no submundo do crime pra manter a PaTifaria reinante e não morre nem a pau.

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    # por Eloiza - 18 de junho de 2012 às 08:40

    Parabéns, professor. Desnudou com maestria o santo do pau oco lula, e mostrou que a madeira dele sempre foi podre.
    Sinta-se aplaudido de pé.

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    # por Cris Azevedo - 18 de junho de 2012 às 09:54

    Villa,

    Twito este artigo duas vezes or dia e publico no Facebook o mesmo tanto. Todo mundo, principalmente os menos informados, devem lê-lo.Quero imprimi-lo, em folhetos, e distribuir por todo canto! Só estou pensando o formato e o layout do impresso, de forma a salientar "os melhores momentos". É um ESPETÁCULO!

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    # por Anônimo - 18 de junho de 2012 às 11:24

    PT, partido dos trambiqueiros!

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    # por Anônimo - 18 de junho de 2012 às 18:13

    Ninguém melhor que Lula para mostrar e demonstrar Lula.

    Do discurso de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, dia 1º de janeiro de 2003:
    "O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes do meu governo. É preciso enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida brasileira".

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    # por maria angela - 18 de junho de 2012 às 19:23

    Villa, já tinha muito respeito pela sua postura franca e, este texto é tudo que gostaria e esperava ler. Perfeito e irretocável sua análise de Lulla.

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    # por AE - 19 de junho de 2012 às 07:45

    Este comentário foi removido pelo autor.
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    # por Mara Montezuma Assaf - 19 de junho de 2012 às 07:54

    Que tal imprimirmos o artigo que desnuda Lula de todos os véus e , numa ação de cidadania, distribuirmos nos metrôs, pontos de ônibus, deixarmos macinhos em balcão de farmácias e padarias, distribuirmos em caixas de correios de nossos bairros...Que tal ?Eu já comecei!

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    # por Andrés Eugui - 19 de junho de 2012 às 08:19

    O ideal comunista pretendeu realizar a conciliação total do homem consigo mesmo, liberando-o de todas as suas amarras terrenas (classes) e extraterrenas (Deus). No entanto, este ideal se traduziu no seu oposto. Realizou-se a maior violência para se obter o maior bem, e isto por meio da força bruta, do Gulag. Ocorreu o suicídio da revolução quando perdeu-se o momento dialético. O que restou foi uma interpretação do materialismo histórico privada de verdade. O critério, a prova, do marxismo é a sua práxis, e ela o desmentiu no seu próprio terreno, a realidade (o bolchevismo é a tradução do marxismo). No Ocidente, no entanto, ao perder força a ameaça de uma sociedade totalitária, ocorreu um fenômeno interessante: a emergência da "sociedade opulenta", que incorpora todas as negações do marxismo e deixa transparecer o espírito burguês no seu estado puro. Máximo de permissivismo, de relativismo, de maquiavelismo e uma organização da política sem uma moral vinculante. Ora, no Brasil, o PT é o partido do suicídio da revolução; aquele sujeito político que realiza o inverso daquilo que foi o ideal da esquerda no século XX, o século da guerra civil mundial. A conquista da hegemonia política é a arma para a realização daquela revolução cultural gramsciana que involuntariamente realiza o seu contrário. Mas há um problema, o PT ao promover a destruição dos valores tradicionais, aborta a possibilidade de uma nova realidade política que os substitua; assim realiza o ideal tecnocrático, promove o permissivismo, e age com maquiavelismo político. Em outras palavras, a desintegração social se cristaliza em pequenas causas, oriundas dos desejos mais subjetivos dos indivíduos (p.ex: a homossexualidade como bandeira política, a legalização do aborto, etc).
    Engraçado que foi um filósofo italiano, Augusto Del Noce, quem melhor diagnosticou esta realidade contemporânea, e também foi um italiano, Gramsci, quem influenciou e formou a ideologia petista. Há italianos para todos os gostos.

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    # por Anônimo - 19 de junho de 2012 às 15:13

    Villa, perfeito.
    Mas acho que a sorte do lula acabou. Ele entrou em um ciclo vicioso e começou a atirar no próprio pé. O julgamento e a devida prisão dos mensaleiros será o tiro de misericórdia. Chega de vigarista.

    extra post: Vc viu na "isto é" que o professor luizinho do pt , atulamente é um rulalista na bahia e um consultor de sucesso. Como é bom lutar pelos pobres. Deus ajuda.

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    # por Rose - 19 de junho de 2012 às 17:41

    O retrato da decadência e do elogio à mediocridade.
    A que ponto chegamos.

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    # por Anttonioarq - 20 de junho de 2012 às 16:31

    Quando olha pra seu passado, Lula já não mais se reconhece; quando tenta, como todos os mortais, olhar para o futuro também não se vê de forma tão previsível. Mas quando olha aquilo que acabou de fazer antes de dar descarga, ele se vê diante do espelho.

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    # por Anônimo - 20 de junho de 2012 às 16:41

    Professor, no último fim de semana foi gratifcante ler seus artigos na Folha e no Estadão. O senhor prova, mais uma vez, realizar o bom combate. Tirando a imprensa, são raras as vozes de intelectuais, que nos últimos anos têm aderido a um silêncio obsequioso, que se dispõem a seriamente analisar o modo como é exercido o poder no Brasil. Felizmente, vozes de vigilância como a sua ajudam a cidadania a ter aprimorado seu discernimento sobre os problemas nacionais.

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    # por Anônimo - 25 de junho de 2012 às 11:11

    Professor, Admiro a sua coragem ao falar a verdade nesse País de população avestruz.
    Seu artigo demonstra quanto o Lula é aproveitador e sofista,aos 46 anos se
    aposentou como anistiado sem ter sido persequido político,foi preso é ver-
    dade por 31 dias, inventou um tal de fome zero sem competencia para fazer
    esse troço andar,lançou mão do bolsa familia,PETI, vale gás e os transfor-
    mou em bolsa familia e o divulgou como se invenção sua e como bem fala em
    seu artigo, a estória pegou comprou e compra muito voto até hoje, manteve
    na economia segiu o que encontrou claro nega,o Lula acredita ser o pai dos
    pobres, deu dinheiro as montadoras e bancos, como se ouve falar por ai é a
    mãe dos ricos,baixou o IPI é verdade e mandou o povão ir as compras e como
    boi que vai ao abatedouro o povão segiu o conselho do Lula que em troca,
    não baixou os juros.

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    # por Anônimo - 25 de junho de 2012 às 18:05

    E, PASMEM, COM CERTEZA IRA SE ELEGER APÓS A DILMA

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    # por Sô - Sampa - 29 de junho de 2012 às 14:37

    Professor
    Muito bom seu texto...perfeito!
    Pena que tantos "formadores de opinião" não pensem assim e façam a cabeça de muitos jovens e crianças, pq os mais velhos conhecem bem esse ser...
    Mas, tenhamos esperanças...sempre