A seca da Bahia (2)
Segue link da entrevista do professor Luiz Paulo Almeida Neiva (UNEB) tratando da seca no semi-árido baiano. A situação é gravíssima e os poderes públicos continuam omissos. Enquanto isso, bilhões são jogados fora na transposição do rio São Francisco, obra eleitoreira, irresponsável e ambiental equivocada:
http://www.uneb.br/2012/04/19/seca-luiz-paulo-neiva-proplan-concede-entrevista-a-radio-metropole/
# por Anônimo - 23 de abril de 2012 às 18:53
E o professor da UNEB só abordou uma solução possível: adutoras para transporte de águas de açudes. Tem outras, como adutoras para transporte de águas subterrâneas, de uma região onde haja aquífero com potencial de exploração para outra onde não haja (ou seja baixo).
Tem estudos do CPRM em convênio com a FINEP, e do Ministério de Minas e Energia (sem contar universidades, como UFBA) sobre uso de água subterrânea no semi-árido, incluindo o baiano. O governo deve ter engavetado depois de prontos, só pode.
Veja: (http://www.cprm.gov.br/publique/media/PropostaCTHidro-FINAL.pdf)
e http://www.cprm.gov.br/publique/media/apre_bacia_sedi.pdf
Espanta o fato da população continuar votando nos mesmos de sempre. Na verdade, espanta mas não muito: não temos oposição que dê uma ajuda no combate a esse verdadeiro genocídio, nem temos educação (escolar) mínima que possa abrir os olhos dessa pobre gente.
Fernanda
# por Anônimo - 23 de abril de 2012 às 23:05
Súplica de um homem pobre a um político em campanha Escrito por Marli Nogueira
Não me uses como massa de manobra, porque eu sou um homem simples, com anseios simples, mas conservando em mim o sentimento de honra e de dignidade que tu, infelizmente, não conheces.
Não discurses em meu nome, que eu não tenho tempo sequer para escutar o choro de meus filhos, misturado ao dos filhos de meus colegas de infortúnio e ao ruído dos trens que passam por cima da ponte onde me escondo, quanto mais para defender-me de tuas vãs palavras.
Não me peças para sorrir com as realizações que alardeias, que eu não consigo vê-las em canto algum, além de nem ter dentes pra mostrar.
Não me uses como pretexto para subires na vida, que eu, meus pais e meus avós já te servimos de escada há muito tempo e força já não temos para suportar-te.
Não te escores em mim, que eu já tenho uma carga muito grande para carregar: seis filhos pequenos, mais um a caminho, além de um companheira que, coitada, nem consegue me ajudar.
Não me mostres teus carros importados porque tenho as pernas bordadas de varizes de tanto caminhar atrás do emprego que me prometeste, sem achá-lo em parte alguma.
Não me exibas tuas roupas caras porque meu corpo só se cobre com os trapos que me dão meus bons irmãos de dura lida.
Não reclames do salário que deste a meus poucos amigos porque com ele não saciam sua fome.
Não me fales palavras doces e mentirosas porque com teus atos já provaste, aqui e alhures, que elas em nada melhoram o meu destino.
Não me enganes mais com tuas promessas porque já deste mostras suficientes de que não és capaz de cumprí-las.
Não me exibas como objeto de tua preocupação porque tu nem tens idéia da vida que carrego.
Não me incluas em tuas estatísticas espetaculares porque, por tua culpa, elas vêm mostrando a que ponto degradante me levaste.
Não me firas com tua soberba quando, entre um uísque e outro, dizes que me defendes só para que os que te rodeiam acreditem que tu és um homem bom e muito sábio.
Não me venhas com tuas idéias acadêmicas porque elas só alimentam a tua vaidade, mas não me garantem o pão de cada dia.
Não me abraces em época de campanha porque teu corpo pode contaminar-me da torpeza de teu gesto.
Não beijes meus filhos porque eles não são adornos para que políticos como tu pareçam ser o que não são.
Não me constranjas com tua saúde porque os hospitais que tu criaste não têm meios para me curar.
Não me humilhes com tua prosa enganosa porque eu nem conheço as palavras que empregas nos palanques e jornais.
Não me lembres a todo tempo que eu existo, porque minha vergonha quer esconder-me de tua incompetência e de teu eterno discursar.
E, por favor, não me uses como massa de manobra, porque eu sou um homem simples, com anseios simples, com idéias simples, cujo único desejo é o de um dia ser feliz como tu és, mas conservando em mim o sentimento de honra e de dignidade que de meu pai aprendi, mas que tu, infelizmente, não conheces.