Discutindo o STF (3)

EMBATE NO JUDICIÁRIO

Especialistas temem esvaziamento do CNJ e veem ação de magistrados como retrocesso

Publicada em 27/09/2011 às 23h06m


SÃO PAULO - A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir favoravelmente à Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em ação que restringiria o poder do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) preocupa especialistas.

Na opinião do professor de Direito Constitucional da Universidade Mackenzie João Antonio Wiegerinck, o embate entre CNJ e AMB é um retrocesso. Segundo ele, o conselho estaria atuando dentro das competências que lhe foram atribuídas e, diferentemente das corregedorias dos tribunais, pode fiscalizar sem ter sido provocado por denúncias.

- Uma redução de competência do CNJ agora pode dar margem para a redução de outras competências do conselho (no futuro) - advertiu.

Para o professor de Direito Constitucional da PUC-SP Marcelo Figueiredo, o CNJ tem, sim, o poder de começar investigações sobre juízes, sem esperar a ação das corregedorias dos tribunais, ao contrário do que afirma a AMB.

- Hoje, qualquer cidadão pode fazer um pedido de investigação pelo direito de petição, perante qualquer órgão de controle. Não importa quem começa a investigar, porque a Constituição permite que o CNJ receba e conheça as reclamações - afirmou.

Para o professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Marco Antônio Villa, a ação da AMB contra o CNJ é "estranha", pois o conselho tem papel importante na moralização do Judiciário.

O Judiciário é o poder em que o cidadão não tem qualquer tipo de controle. A única forma de controle é o CNJ, que é uma espécie de ouvidor do cidadão brasileiro

- No Legislativo e no Executivo, a gente vota, mas no Poder Judiciário não tem participação popular. O Judiciário é o poder em que o cidadão não tem qualquer tipo de controle. A única forma de controle é o CNJ, que é uma espécie de ouvidor do cidadão brasileiro. Mais uma vez o corporativismo se manifesta no Brasil, e ele sempre se manifesta para defender interesses escusos - afirmou Villa.


Magistrados condenam supressão de corregedorias

O presidente da Associação dos Magistrados Mineiros, juiz Bruno Terra Dias, assim como a AMB, diz que o CNJ só tem o poder de revisar as decisões das corregedorias dos tribunais.

- Se é certo que as corregedorias tiveram as suas dificuldades, a supressão da instância administrativa do tribunal de origem ofenderia, em princípio, a própria ideia de federação, porque a autonomia estaria ofendida. O que precisa é uma melhor convivência da autonomia estadual com a função de corregedoria do CNJ, de forma que não haja supressão, mas haja a satisfação ao público na investigação de eventuais falhas dos magistrados.

O vice-presidente da Associação de Juízes Federais do Brasil, Fabrício Fernandes, também defendeu o argumento da AMB:

- O CNJ tem de ter o poder de investigar juízes, mas essa investigação tem de se dar dentro da Lei e da Constituição. Se existem instâncias inferiores de controle, o fenômeno de supressão de instância caracteriza ofensa ao devido processo legal.

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    # por figbatera - 28 de setembro de 2011 às 18:13

    É muito ruim para o cidadão não poder confiar no Poder Judiciário. Infelizmente, criou-se uma classe privilegiada, que se acha "importante" demais pra ser incomodada pelas críticas do povo.

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    # por Anônimo - 29 de setembro de 2011 às 12:01

    Caro Villa, li todos os seus comentários e agradeço pelas informações. Mas, eu gostaria de fazer alguma coisa para melhorar o Judiciário. O que posso fazer?
    Abraços,
    Maria Tereza - SP

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    # por Rosfran Borges - 30 de setembro de 2011 às 15:28

    Prezada Maria Tereza,

    Infelizmente, o Sr. Villa não tem nada a acrescentar - apenas criticar, sem a apresentação de soluções minimamente válidas, algo que seria de se esperar de um pesquisador de uma conceituada universidade.
    Como cidadão, gostaria que o Sr. Villa mostrasse os resultados do seu trabalho, ou então devolvesse os valores recebidos em anos de bolsas de estudo. Não é razoável que um cidadão saiba para onde vão as receitas públicas?
    Ademais, quais as metas alcançadas por programas como os do CNpQ e da CAPES? Analisando sob o ângulo da eficiência, eficácia e economicidade será que são ainda válidos esses programas de governo?

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    # por Anônimo - 30 de setembro de 2011 às 16:02

    O sr. Rosfran Borges seguramente está buscando uma gratificação no órgão em que está empregado.
    Conseguirá com certeza.