A eleição de 1960

Escrevi no artigo da Folha (11/08, ver post) que oposição se constroi ao longo do tempo. Não pode aparecer na véspera da eleição. É aquela velha história: é um processo. JK realizou inúmeras grandes obras públicas (a construção de Brasília foi a mais importante). Durante o seu quinquênio o país cresceu, em média, a taxas sensivelmente superiores às atuais (quase o dobro). Mesmo assim, perdeu a eleição de 1960.

A explicação (banal) da derrota é que Lott (o candidato de JK) enfrentou um fenômeno eleitoral (Jânio Quadros). O quadro é mais complexo. Jânio fez oposição ao governo federal desde 1954, quando foi eleito governador (oposição a Getúlio Vargas). Na eleição de 1955 apoiou o general Juarez Távora, segundo colocado na esfera nacional, e que, em São Paulo, dividiu os votos com Ademar de Barros (vencedor no estado). Passou os 3 anos (entre 55-58) fazendo oposição a JK. Em 1958 elegeu o sucessor: Carvalho Pinto. E obteve uma cadeira de deputado federal pelo Paraná (a legislação permitia - não havia exigência de domicílio eleitoral, como hoje). Continuou na oposição. Em 1959 já tinha se lançado (informalmente) candidato à presidência, quase dois anos antes do 3 de outubro de 1960. Construiu suas bandeiras políticas em oposição aberta à presidência JK. Venceu. Mais do que a linguagem gestual, os maneirismos verbais, a vestimenta ou alguma frase de efeito, o produto da vitória foram os 5 anos de oposição a JK, oposição aberta, e a articulação para a formação de uma frente eleitoral.

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    # por Anônimo - 14 de agosto de 2010 às 18:38

    ... e depois de 5 anos de oposição e muita expectativa, entra na presidência e fica somente poucos meses, pois não conseguiu montar uma base partidária de apoio, foi centralizador demais, etc as "forças ocultas ou invisíveis" argumentadas por Jânio como sua causa para a renúncia talvez apareçam agora com a abertura dos arquivos dos UFO's e OVNI's do Brasil!!!". A situação atual tem um monte de problemas, mas desarticulada ela não é. A oposição atual não consegue se articular nem para competir nas eleições, que dirá então governar?

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    # por Anônimo - 15 de agosto de 2010 às 15:22

    5 anos de oposição que duraram apenas 8 meses. Uma prova de que a política não é para demagogos e moralistas, mas para os hábeis.Além da imprevisível renúncia, é lembrado como símbolo de fraqueza política e chacota por medidas como proibir uso de biquínis e as "brigas-de-galo".
    JK deixou uma dívida externa gigante.No fim de seu governo a inflação ameaçava e o país já não mantinha a taxa de crescimento. Lula mascarou a dívida, conteve a inflação e a economia cresce a todo vapor. Serra, ao que tudo indica, está perdendo votos e suas alianças não parecem sólidas, logo deve atacar...fica a ansiedade de um embate direto entre os principais candidatos,o que finalmente parece se aproximar.