Mensalão, o livro

Do site de Veja:


Livros

Marco Antonio Villa lança livro sobre o mensalão

O julgamento ainda nem terminou. Mas, graças à inteligência, à clareza e à precisão do historiador, o mensalão já ganhou seu livro indispensável

JUSTIÇA - O autor não tem piedade para com figuras como Lewandowski - mas também os que tornaram o país menos cafajeste, como Celso de Mello, são alvo de sua honestidade
JUSTIÇA - O autor não tem piedade para com figuras como Lewandowski - mas também os que tornaram o país menos cafajeste, como Celso de Mello, são alvo de sua honestidade (Dida Sampaio/Conteúdo Estadão)

Livro: Mensalão - O Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileir
Marco Antonio Villa é homem disciplinado: único dos convidados pelo site de VEJA que participou de todos os quarenta debates sobre o julgamento do mensalão, chegou invariavelmente na hora combinada depois de ter acompanhado a sessão do Supremo Tribunal Federal e refletido sobre os temas a discutir. O professor da Universidade Federal de São Carlos também não é de perder tempo com fatos irrelevantes: sabe separar o essencial do acessório e, com clareza e concisão, conta o caso como o caso foi. A soma dessas virtudes desvenda o mistério aparente: como é que Villa conseguiu escrever entre um debate e outro, sem interromper a colaboração regular com os principais jornais do país nem suspender suas múltiplas atividades, um livro indispensável sobre um julgamento que nem terminou? É uma proeza de bom tamanho. Mas não foi a única consumada com a publi-cação de Mensalão - O Julgamento do Maior Caso de Corrupção da História Política Brasileira (Leya; 392 páginas; 31,90 reais).
Quem acompanhou os debates no estúdio da Editora Abril (que publica VEJA) descobriu que Villa fala como se estivesse escrevendo. E escreve como se estivesse conversando. O autor se dispensa de minuetos retóricos para criticar a impontualidade, as tradições empoeiradas ou a linguagem pedante e verborrágica cultivadas pelos ministros, ou para desmontar a argumentação indigente dos advogados de defesa, demolir o palavrório dos cúmplices de toga, exasperar-se com o cinismo dos comandantes da quadrilha e celebrar o triunfo da decência. O olhar honesto do historiador é especialmente impiedoso com personagens como José Dirceu, que seria o presidente da República se não houvesse um mensalão em seu caminho, ou Ricardo Lewandowski, um advogado de defesa disfarçado de juiz. Mas não poupa sequer os que contribuíram para tornar o Brasil menos cafajeste.
O decano Celso de Mello, por exemplo, não escapa de observações irônicas sobre a mania de recuar alguns séculos para justificar a decisão que vai anunciar na primavera de 2012. Em contrapartida, é homenageado com a reprodução parcial, na página de abertura, do voto em que fez um demolidor resumo da ópera: "Esse quadro de anomalia revela as gravíssimas consequências que derivam dessa aliança profana, desse gesto infiel e indigno de agentes corruptores, públicos e privados, e de parlamentares corruptos, em comportamentos criminosos, devidamente comprovados, que só fazem desqualificar e desautorizar, perante as leis criminais do país, a atuação desses marginais do poder".
Zainone Fraissat/Folhapress
UMA PEDRA NO CAMINHO - José Dirceu: a condenação aniquilou suas ambições à Presidência - e, não fossem o brio do Judiciário e a independência da imprensa, o esquema que ele comandou teria aniquilado a República
UMA PEDRA NO CAMINHO - José Dirceu: a condenação aniquilou suas ambições à Presidência - e, não fossem o brio do Judiciário e a independência da imprensa, o esquema que ele comandou teria aniquilado a República
Num Brasil afrontado pela institucionalização da mentira em dimensões orwellianas, envilecido pela supremacia das versões malandras e ultrajado pelos sucessivos assassinatos da verdade factual, Villa vê as coisas como as coisas são. Sempre viu. Desde 2005, quando o Brasil foi confrontado com o escândalo inverossímil, ele vem defendendo com coragem e brilho teses que o STF acaba de ratificar. Agora com o endosso da ampla maioria dos ministros, o livro conclui a implosão de monumentos ao embuste erguidos nos últimos sete anos e escancara o que os delinquentes cinco-estrelas e seus comparsas tentaram inutilmente esconder: o mensalão não só existiu como foi muito mais que um caso de caixa dois.
"Este livro conta a história de uma tentativa - fracassada - de tomada do estado", resume Villa já no início da tomografia do esquema criminoso forjado pelo alto comando do lulopetismo para aparelhar as instituições, capturar os três Poderes, algemar a oposição pusilânime e submeter o país ao domínio de uma seita incapaz de aceitar o convívio dos contrários. "O único projeto da aristocracia petista - conservadora, oportunista e reacionária - é perpetuar-se no poder", constata o último capítulo. "Para isso, precisa contar com uma sociedade civil amorfa, invertebrada." Segundo Villa, a trama mensaleira seria bem-sucedida se não tivesse tropeçado na independência do Judiciário e na liberdade de imprensa, "que acabaram se tornando, mesmo sem querer, os maiores obstáculos à ditadura de novo tipo que almejam criar". O perigo não passou, adverte. "As decisões do Supremo permitem imaginar uma República onde os valores predominantes não sejam o da malandragem e o da corrupção", anima-se. "Mas para que isso aconteça é preciso refundar a República." Depois de verem Villa em ação, muitos espectadores deduziram que o pai de todos os escândalos havia encontrado seu historiador. O livro atesta que estavam certos.

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    # por Ana Lúcia K. - 3 de dezembro de 2012 às 00:02

    Prezado Villa,
    Foi a partir de 2005 que comecei a acompanhar os seus artigos na Folha SP, Estadão e Veja. Durante todos estes anos vc sempre se posicionou como crítico ferrenho, corajoso e práticamente solitário das barbaridades, abusos, desmandos e mazelas perpetradas por esse partido chefiado por corruPTos. Você sempre acertou em tudo o que disse ou escreveu sobre elles: "Só o pt pode acabar com o pt" - e estão caminhando para isso.
    O "Rosegate" vai dar uma grande contribuição para desmoralisar ainda mais o lulopetismo. E a "aristocracia" petista chega ao ápice dazelite - FIM!
    Parabéns por mais este trabalho! Anciosamente aguardo o lançamento do livro em BH e a sua presença.

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    # por Anônimo - 3 de dezembro de 2012 às 04:09

    Parabéns professor. Vou adquirir o meu!!

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    # por Prof. Marco Aurélio - 3 de dezembro de 2012 às 09:28

    Prezado Professor Dr. Marco Villa,
    Parabéns pela obra.
    Consulto se não há em sua agenda, oportunidade de divulgação de sua obra em Brasília-DF.
    Sugiro a LIVRARIA CULTURA - CASAPARK SHOPPING CENTER
    SGCV - Sul, Lote 22 - Loja 4-A
    71215-100 - Zona Industrial - Guará - DF
    Abraços,
    Prof. Marco Aurélio

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    # por Prof. Marco Aurélio - 3 de dezembro de 2012 às 09:29

    Aguardo retorno.

    Att.,
    Prof. Marco Aurélio

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    # por Lucas - 3 de dezembro de 2012 às 11:33

    Prezado prof. Marco Aurélio, o senhor pode sugerir o endereço de sua preferência, mas certamente muita gente em Brasília prefere outro lugar mais central, ok?
    O Reinaldo Azevedo lançou os 2 livros em livrarias do Pátio Brasil Shopping, que é muito mais central.
    Villa, por favor marque logo a noite de autógrafos.
    Lucas

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    # por Anônimo - 3 de dezembro de 2012 às 12:46

    Boa tarde, Professor!

    Parabéns, vou adquiri-lo.
    Atenciosamente,
    Leonardo Azevedo Viana

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    # por Anônimo - 3 de dezembro de 2012 às 18:21

    Por Luiz Felipe.
    Leão X Dinossauros, é o que 2014 promete. Revolução X modellão. Na verdade Aécio é uma candidatura já lançada desde a morte de seu avô, Trancredo Neves, e, ao que parece, de tão velha que é já amadureceu demais, passou do ponto e apodreceu no pé. Idem ao Arraes neto, tendo em vista que a praia deles, o continuismo da mesmice jurássico, está agonizante, com o dias contados, após a condenação do tal "mensalão" que, na verdade, é a condenção do modellão de república da governabilidade mensaleira. Ademais, a desgraça da oposição e da própria situação é que, agora, doravante, o povão do nosso Brasilzão já virou Leão, quer mais, muito mais, do que PTMDB-agregados. E mais, muito mais, à evidência , não é a praia do PSDEMB-agregados cujo apelido popular é retrocesso, se comparado ao PTMDB-agregados. Portanto, mais, muito mais e melhor, do que o PTMDB-agregados (situação) e o PSDEMB-agregados (oposição), é a Mega-Solução, o Fato Novo de Verdade, o HoMeM do Mapa da Mina, o PNBC e a Meritocracia Eleitoral, a Evolução Política do Brasil, porque o resto é apenas continuismo raso e seco, golpe, como já sentenciou o ex-Presidente do STF, Ministro Ayres Britto. Polarização ? Espere para ver os dinossauros fisiológicos e seus mequetrefes serem enrabados pelo Leão, a libertação e a salvação do povão, que já não agüenta mais tanta corrupção.

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    # por Anônimo - 5 de dezembro de 2012 às 16:22

    Desde os tempos da fundação da nacionalidade - tempo do nosso rei D. Afonso Henriques - no fim de uma batalha o exército vencedor tinha direito ao saque sobre os vencidos.

    (Saque - s. m. : acto de saquear. Roubo público legitimado).

    Pois bem, após uma dessas batalhas, ganha pelo 1º Rei de Portugal, o seu corneteiro lá tocou para dar "início ao saque" a que as tropas tinham direito e que só terminaria quando o mesmo corneteiro desse o toque para pôr “fim ao saque”.

    Mas, fruto de alguma maleita ou ferimento, o dito corneteiro finou-se, antes de conseguir tocar o "fim ao saque".

    E, até hoje, ninguém voltou a tocar, anunciando o fim do saque.

    Afinal a culpa do saque do país é mesmo do corneteiro!

    Não haverá por aí alguém que conheça o toque?