Mensalão, o livro: mais uma resenha.

Segue a resenha do meu livro "Mensalão. O julgamento do maior caso de corrupção da história política brasileira" (editora LeYa):


Mensalão já é história

Livro de Marco Antonio Villa e teses de doutorado e mestrado abordam maior escândalo da política brasileira. Análises de discurso e estudos documentais dominam metodologias para entender a compra do Legislativo pelo Executivo

Welliton Carlos
Diário da manhã


Ao longo de sua história política, o Brasil protagonizou diversos casos de corrupção que se tornaram públicos. Geralmente, os escândalos midiatizados ganham maior relevância do que aqueles feitos às escondidas ou contados apenas nos bastidores. Daí, que graças ao jornalismo político descobrimos os fatos mais intestinos da administração pública brasileira. Foi assim com o escândalo da mandioca, o episódio Luftfalla (empresa da esposa de Paulo Maluf), dos anões do orçamento, do caso Collor, dentre vários outros.
O livro Mensalão (Editora Leya), escrito pelo historiador Marco Antonio Villa, é um importante documento sobre “o julgamento do maior caso de corrupção da história da política brasileira”, que traz algumas das influências da escrita e ética jornalística. Tenta-se narrar como história, inclusive catalogando documentos, porém sobressai a força opinativa do jornalismo e a verve da indignação pública - típica da reflexão da imprensa como esfera pública.  
Do ponto de vista documental, além do jornalismo, é a reação mais rápida da sociedade civil a um episódio de roubo do Estado.  E Villa não é um historiador qualquer, mas autor, dentre outros livros, de História Geral (Editora Moderna), uma coleção adotada nas escolas brasileiras. Em breve crianças e adolescentes terão ao lado do Dia do Fico, da Inconfidência Mineira e Guerra de Canudos as histórias que envolvem os seguidores de Lula. 
Com uma capa carnavalesca, em que os personagens e criminosos se encontram com o Brasil (simbolizado por uma bela mulher de curvas estonteantes), a obra de Villa chega para se transformar em importante retrato do período que hoje vivenciamos. Não se trata, evidentemente, de história, pois o calor das emoções contamina o ofício de Villa.  Todavia mostra a profundidade do escândalo político que mais fez vidrar a mídia e pode ser material de consulta para pesquisas futuras em ciência social, linguística, comunicação, direito e ciência política.
Ação Penal 470 catalisou os olhares do país, tornando o processo do Supremo Tribunal Federal (STF) em um imenso circo político, ideal para ávidos espectadores interessados no calvário de petistas como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino.  A introdução já mostra o calor com que foi escrito: “Este livro conta a história de uma tentativa - fracassada - de tomada do Estado. Um verdadeiro assalto. Foi um dos momentos mais difíceis da história republicana.”
Villa tenta explicar ao leitor o que foi o mensalão - a compra de decisões políticas e parlamentares para agradar o ex-presidente Lula e seu grupo político.  O fato marcou profundamente o Partido dos Trabalhadores (PT), que operou o esquema e se envolveu até a medula no caso mais grave de agressão política à independência dos três poderes. Tanto é fato que ocorreu uma debandada de lideranças petistas do antes moralista PT. O grupo preferiu se alojar em siglas menores ou mesmo criar outro partido a ficar dentro da agremiação manchada pela acusação de prática de crimes e ilícitos administrativos.
Em 2005, diz Villa, Lula chegou a se pronunciar pela televisão contra os mensaleiros. Ele pediu desculpas pela ação dos dirigentes partidários. Não se sabe se a oposição foi irresponsável ou negligente, mas não se abriu nenhum processo para apurar um suposto crime cometido por Lula. “Abrir um processo para apurar o crime de responsabilidade colocaria o País em risco. Estranha argumentação, mas serviu para justificar a inépcia oposicionista, a falta de brio republicano e uma irresponsabilidade que só a história poderá revelar”, opina Marco Antonio Villa.
Livro do historiador está focado exclusivamente no julgamento. Daí que seja, de fato, mais fácil apresentar um texto opinativo.  Afinal, dentro do contexto histórico, decisões do STF são verdades imutáveis, tamanha a força cogente das deliberações colegiadas. O livro é dividido em O assalto, O processo,  Dias de fúria,  Os ricos também choram, Os marginais do poder,  Os condenados, dentre outros subtítulos.     
No entanto, onde Villa mais se satisfaz é na apresentação, quando externa sua opinião e de outros, como o magistrado do STF, o ministro Celso de Mello - cuja conduta é inabalável frente a brilhante carreira que tem no Supremo.   “O ápice das manobras de coação da Corte foram as reuniões de Lula com ministros ou prepostos de ministros. Se o Brasil fosse um país politicamente sério, o ex-presidente teria sido processado”, argumenta Villa, recordando o episódio em que Lula teria constrangido o ministro Gilmar Mendes a decidir de forma favorável aos mensaleiros.  
Em outro trecho, o pesquisador cita frase de Celso de Mello durante o julgamento: “O ministro Celso de Mello, decano do STF, foi muito feliz quando considerou os mensaleiros marginais do poder. São marginais do poder, sim. Como disse o mesmo ministro, “estamos tratando de macrodelinquência governamental, da utilização abusiva e criminosa do aparato governamental ou do aparato partidário por seus próprios dirigentes”. E foi completado pelo presidente Ayres Britto, que definiu a ação do PT como “um projeto de poder quadrienalmente quadruplicado. Projeto de poder de continuísmo seco, raso. Golpe, portanto”. “Foram palavras duras, mas precisas”, narra Villa.



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    # por Unknown - 25 de janeiro de 2013 às 21:59

    Pena que este livro não faz parte das listas escolares de nossos filhos dos 14 anos em diante.

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    # por Elton - 27 de janeiro de 2013 às 09:53

    Bom de fato nessa (educação brasileira) que idiotiza e vem orientando a sociedade há mais de trinta anos a colocar esse tipo de gente no poder nunca tera uma magnífica obra como essa do Villa em seu quadro, seria muito antagônico, até mesmo porque o MEC é uma organização criminosa, ficaria ate chato para o renomado profº Villa ter qualquer tipo de ligação com essa gente, mas não precisamos da escola para que nossos filhos tenham contatos com grandes obras, ofereça você esse tipo de leitura a ele, estara prestando um favor a ele faça isso porque garanto deixar nossos filhos nas mãos do estado para educá-los é uma ofensa a inteligência deles, fuja desse tipo de educação que nos oferecem, alias não podemos nem ter o direito de fugir, ou seja, não mandar seu filho a escola, escolher outro método educação, fugir da revolução grasmciana, aqui no país das maravilhas é crime, portanto o papel de um verdadeiro estudante dedicado e compromissado com a verdade e sabendo da incapacidade do ensino brasileiro, tem que fazer sua parte estudar a margem dessa adestramento se educar buscar conhecimento, a melhor forma é começar pela leitura, é preciso ter cuidado com tal habito de leitura, aqui no Brasil quando o povão lê algum livro no máximo é alto ajuda e ainda posam de intelectuais com essa literatura de quinta categoria, nessa fome você não pode ser um avestruz que se alimenta de tudo, não perca tempo com leituras fúteis e sim aquelas compromissadas com a verdade porque nem a verdade nem a realidade podem ser negadas.