Collor e as ameaças à liberdade de imprensa

Só no Brasil: um presidente que sofreu um processo de impeachment - e que foi aprovado quase que pela unanimidade dos parlamentares das duas Casas - após um amplo movimento popular de mobilização em repúdio à corrupção e em defesa da ética na política, reaparece, vinte anos depois, como paladino da moralidade e coagindo a imprensa.


Collor volta a atacar revista e cobra comparecimento de editor à CPI
DE BRASÍLIA - Integrante da CPI do Cachoeira, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) fez ontem no plenário do Senado ataques à revista "Veja" e ao empresário Roberto Civita, editor do Grupo Abril.
Ao citar o jornalista Policarpo Júnior, chefe da sucursal de "Veja" em Brasília, o senador disse que a publicação utilizou-se do empresário Carlinhos Cachoeira "para obter informações e lhe prestar favores de toda ordem".
Nas escutas legais da Operação Monte Carlo da PF, há diversas citações ao jornalista. Conversas diretas de Policarpo com o grupo de Cachoeira são duas. Segundo o delegado que conduziu a investigação, não há indícios de ligações que ultrapassem o contato entre jornalista e fonte.
Num ataque direto a Policarpo, o senador afirmou que "quando uma pessoa adere ao intento criminoso de outrem, torna-se coautor do crime".
E prosseguiu: "Desafio o chefe maior desse grupelho, o senhor Roberto Civita, a comparecer também à CPMI para falar da coabitação que, a seu mando, a revista de sua propriedade e alguns de seus jornalistas mantem com o crime organizado".
Procurada, a Editora Abril disse que não iria comentar.
Apesar das críticas, Collor disse ser um "defensor da liberdade de imprensa".
Hoje senador, ele deixou a Presidência da República em 1992 devido a acusações de corrupção que surgiram na imprensa e que foram apuradas por uma CPI.

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    # por VICENTE - 15 de maio de 2012 às 07:39

    Concordo plenamente com o que voce disse ontem no jornal da cultura: é uma vergonha ter um sujeito desse como senador depois de tudo que ele fez. O que ele e a cumpanherada quer é silenciar a imprensa, uma vez que oposição não existe mesmo.... Valeu por tambem ter calado o safatle, aquele vermeho safatle.

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    # por ubirajara araujo - 15 de maio de 2012 às 08:47

    Surpreeende e assusta a inversão de valores que vivemosneste País. Como é lamentável a falta de memória deste novo povo, tão iludido por falsos moralismos, falsa prosperidade economica e ausência de lideranças realmente imaculadas capazes de formar opiniôes reais a respeito da crise ética que vivemos.

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    # por Marcos Alves Pintar - 15 de maio de 2012 às 13:58

    Collor é mesmo uma vergonha nacional, e não concordo com as colocações que ele fez sobre suposto envolvimento do Jornalista com Cachoeira. Mas, convenhamos. CPIs existem para investigar, e se há indícios ainda que remotos e conduta supostamente ilícita cometida por jornalista, deve esse ser ouvido, até mesmo para desmascarar eventual excesso ou abuso por parte de Collor.

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    # por Anônimo - 15 de maio de 2012 às 15:02

    Ana Amélia Lemos botou o PP no divã.

    A obsessão da senadora em apoiar uma comunista na eleição de outubro, além de rachar o partido no meio, suscita uma reflexão que parecia bem resolvida no PP gaúcho. Afinal, o que interessa na política? Pragmatismo ou ideologia?


    http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/politica/eleicoes-2012/noticia/2012/05/pressao-de-ana-amelia-expoe-dilema-no-partido-progressista-3758808.html


    Qual a sua opinião, professor Villa?

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    # por Anônimo - 15 de maio de 2012 às 20:19

    Fato 1: perante a Lei o senador Collor já cumpriu as penas cabíveis.
    Fato 2: ele foi eleito democraticamente.
    Conclusão?! Talvez seja mesmo este o tipo de gente que parcela considerável da população deseje no comando do país.

    Sei não, mas começo a não gostar da tal democracia (pelo menos a que experimentamos no Brasil).

    :-(