Crise no governo.



Crise no governo

Especialistas dizem que fragilidade do governo foi exposta com crise de Palocci

Publicada em 07/06/2011 às 23h39m

Flávio Freire
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A presidente Dilma Rousseff e o ex-ministro Palocci em foto de Gustavo Miranda

SÃO PAULO - A crise que resultou na demissão do ministro Antonio Palocci expôs não só a fragilidade interna do governo Dilma Rousseff como pôs em xeque a autoridade política da presidente, segundo cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO. A saída de Palocci, segundo eles, está longe de criar uma situação confortável para o governo, que perdeu um dos seus principais interlocutores com o empresariado brasileiro. Além disso, a análise é de que a ministra Gleisi Hoffmann, que assume a Casa Civil, terá de ganhar também maior poder de articulação com o Congresso.

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A queda de Palocci foi provocada pelas denúncias de que o seu patrimônio pessoal aumentou em 20 vezes desde 2006. O ex-ministro informou que atuava como consultor, mas negou-se a divulgar os nomes de seus clientes.

Para o historiador e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos Marco Antonio Villa, a crise envolvendo Palocci desgastou a figura de Dilma, que não mostrou autoridade. Ou pior, na análise dele: a crise mostrou que a autoridade dela é frágil.

- A crise se arrastou por muito tempo. Ela mostrou que depende de Lula ou do ministro para tomar decisão - disse Villa, para quem a crise expôs algo muito prejudicial a um governo: a fragilidade interna.

- A Dilma não tinha enfrentado nenhum problema até agora, e logo na primeira crise mostra que não teve autoridade para resolver a situação.

Ainda segundo ele, a nomeação da senadora Gleisi Hoffmann traz à tona outro problema: a falta de renovação dos quadros do PT.

- Quando o que se sabe da nova ministra é que ela é mulher de alguém, isso é perigoso. O PT mostrou que não tem renovação de seus quadros.

Também para o coordenador do Centro de Pesquisas e Análises de Comunicação (Cepac), Rubens Figueiredo, a sobrevida de Palocci nas últimas semanas colocou em xeque a credibilidade do governo. Ele ainda considera que a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário de crise deu ideia de que se trata de um governo sem comando.

- A sobrevida de Palocci custou muito para o governo, principalmente em questão de credibilidade. E a participação de Lula nesse episódio passou a ideia de que o governo de Dilma não tem comando - disse ele, para quem as explicações dadas por Palocci, na entrevista ao "Jornal Nacional" de sexta-feira, são consideradas o "anticlímax" para uma eventual solução da crise. A entrevista criou uma expectativa muito grande e teve uma frustração no mesmo tamanho.

Governo estaria perdendo uma ponte com empresariado

Para o professor de Ética e Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp) Roberto Romano, a posição de Palocci levou o governo a uma fraqueza muito grande. Mas, para ele, o problema maior está por vir, já que Palocci era a ponte do governo com o empresariado. Talvez por isso, segundo Romano, Palocci resistiu tanto no cargo.

- O Palocci significava no governo a garantia (do apoio) dos empresários, e isso faz um governo petista pensar dez vezes antes de tirar alguém como ele do governo - diz Romano.

Romano também disse que a entrada de Lula na crise é prejudicial demais para Dilma, que mostra ser uma governante tutelada pelo ex-presidente.

- A ajuda imprudente do Lula deixa a suspeita de que a presidente é tutelada. Ou ela é autoridade máxima ou não é.

Para ele, não havia outra alternativa a Palocci senão deixar o governo, já que não conseguiu se explicar na entrevista que deu ao "Jornal Nacional" de sexta passada.




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    # por Anônimo - 9 de junho de 2011 às 01:33

    Esse palocci foi o único que pagou, mas tem muita gente que faz o que ele fez (e continuará fazendo) e que ainda não recebeu a sua "fatura".
    Podem esperar, isso não vai parar aí... teremos muitos outros episódios como esse. Infelizmente.

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    # por Anônimo - 10 de junho de 2011 às 19:31

    O governo perdendo apoio no empresariado por causa do Palocci? Mas, desde quando Palocci seria interlocutor fundamental para o empresariado? Tem empresário assessorando o governo em gestão. Já houve empresários ministros. Inclusive um do agronegócio Ministro da Agricultura. Para que o Palocci?
    Dawran Numida

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    # por Anônimo - 11 de junho de 2011 às 22:45

    le fora do governo deverá voltar a iniciativa privada e fazer mais Lobbys com ele vinha fazendo, só que ele precisará devolver a grana que já recebeu das empresas que ele estando no governo abriria as portas das licitações publicas. Em um pais com um povo desenvolvido politicos desse tipo pegaria pelo menos prisão, ou daria um tiro na boca, como algumasa vezes ocorreu no Japão e na Alemanha, que foram pegos com a boca na botija.